A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) da Unidade de Gado Leiteiro de Juiz de Fora (MG) e a divisão de saúde animal da farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim lançaram um selo de certificação de biossegurança para fazendas leiteiras.
O anúncio da parceria foi realizado em 20 de setembro e visa criar parâmetros para garantir o bem-estar dos animais e o controle de doenças em rebanhos bovinos.
A Boehringer Ingelheim é uma das principais indústrias farmacêuticas do mundo e tem a tradição de trabalhar em parceria com pecuaristas no Brasil. A ideia da criação do selo para produtores, em parceria com a Embrapa, surgiu com a missão de elevar a produção leiteira nacional às exigências de mercado e dos consumidores.
O selo atesta o cuidado em mais de 140 pontos críticos da produção de leite e de lácteos, desde a alimentação e o cuidado dos animais até a atenção da equipe para evitar contaminações.
Os estudos realizados para desenvolver o selo de segurança foram conduzidos nas fazendas Colorado, em Araras (SP), e Santa Luzia, em Passos (MG). As propriedades são reconhecidas pelo alto grau de tecnologia utilizada e pela alta produtividade; juntas, as fazendas produzem mais de 140 mil litros de leite por dia.
Para garantir o padrão de biossegurança sugerido pela Boehringer Ingelheim e pela Embrapa, a Brasil Gap se responsabilizou pelos memoriais descritivos, operacionais e pelo checklist. A auditoria foi realizada pelo Serviço Brasileiro de Certificação (SBC) de Botucatu (SP).
Os estudos realizados aconteceram em cinco passos:
• definição dos objetivos, visando à redução de doenças nos rebanhos e à erradicação de patologias específicas;
• identificação e decisão das doenças a serem trabalhadas;
• sugestão de um sistema produtivo ideal e identificação de pontos de risco;
• implementação do modelo;
• criação do selo por meio de um sistema de certificação das práticas.
Uma das principais ações recomendadas é o cuidado no uso de antibióticos, que devem ser aplicados de maneira racional evitando a contaminação do leite e o consumo de resquícios por humanos.
Além disso, outro ponto importante é o destino correto das carcaças, para evitar a exposição indevida a outros animais e humanos. Essas são algumas das práticas que garantem a saúde de animais e pessoas, além de uma maior proteção ambiental, social e econômica.
Segundo o porta-voz da Boehringer Ingelheim, o conhecimento para a obtenção do selo pode ser acessado nas plataformas digitais da Embrapa. Assim, produtores e técnicos podem aderir às recomendações e garantir a biossegurança de seus animais, produtos e pastos.
Segundo estimativas da Secretaria de Política Agrícola, o Brasil produz cerca de 34 bilhões de litros de leite por ano, com isso o país é o terceiro maior produtor mundial. Dos municípios brasileiros, 98% são produtores de leite, e o setor emprega cerca de 4 milhões de pessoas.
Outro número importante do setor é o de exportações. Segundo o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), o Brasil fechou o ano de 2021 com US$ 97,85 milhões em exportações de produtos lácteos, como leite em pó, queijos, requeijões e cremes.
Grande parte da produção nacional é realizada por pequenos produtores e agricultores familiares, mas as principais fazendas leiteiras têm aumentado fortemente a produtividade.
Segundo um levantamento do site Milkpoint, os 100 maiores produtores de leite do País produziram, em 2021, 25.508 litros por dia. O valor é 10,63% superior ao de 2020.
Ainda entre os cem maiores produtores de leite nacionais, a Região Sudeste é a maior produtora, com 488 milhões de litros por ano; porém, a Região Sul é a maior em produtividade, com média de 9,86 milhões de litros por ano por propriedade e 36,68 litros de leite por vaca por dia. Com 77% das propriedades do top cem mantendo os animais confinados sem nenhum acesso a pastos.
Outro fato relevante é a declaração de que todas as fazendas de leite do ranking adotem alguma medida sustentável de produção, as principais são o armazenamento de dejetos em esterqueiras e o uso de resíduos, como adubo, em lavouras e pastagens.