O Banco Central (BC) prevê que o volume de crédito bancário crescerá 14,2% este ano, contra previsão anterior de 11,9%, divulgada em junho. A projeção consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado hoje (29).
O crédito livre deve apresentar expansão de 17,2%. A projeção anterior era 15,2%. O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo, e é destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
Em relação às pessoas físicas (PF), o aumento esperado este ano para o estoque do crédito com recursos livres avançou de 17% para 19%. “Essa revisão incorpora a surpresa com o crescimento observado no segundo trimestre, impactado, entre outros fatores, pelo nível de atividade acima do esperado e pela queda na taxa de desocupação”, diz o relatório.
O BC também destacou a "maior expansão das linhas de crédito consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), refletindo o efeito do aumento da margem consignável, o que ampliou a capacidade de endividamento desse público".
"As operações de crédito pessoal renegociado e de cartão de crédito rotativo, mais associadas à dificuldade das famílias de quitar os compromissos financeiros,
também registraram expansão considerável", acrescentou.
O crédito livre para as empresas deve crescer 15%, ante a previsão anterior de 13%.
A projeção para o crédito direcionado é de crescimento de 9,7%, contra a projeção anterior de 7%. A projeção para pessoas físicas é 13% e jurídicas, 4%.
A primeira previsão para 2023 é de crescimento do volume de crédito de 8,2%. O crédito livre deve apresentar expansão de 9,6%, com crescimento de 10% para pessoas físicas e 9%, para jurídicas. O crédito direcionado deve apresentar expansão de 6%, com aumento de 7% para as famílias e 4% para as empresas.
Nas contas externas, houve mudanças importantes no cenário desde o último Relatório de Inflação, com expectativa de maior déficit na conta de transações correntes e maior entrada líquida de investimentos diretos no país (IDP) para este ano. A projeção foi de superavit de US$ 4 bilhões para déficit de US$ 47 bilhões. Segundo o BC, a revisão decorre majoritariamente da reavaliação para baixo do saldo comercial esperado, de US$ 86 bilhões para US$ 42 bilhões. Por outro lado, os fluxos de investimento direto surpreenderam positivamente, o que justifica aumento na projeção do ano. A estimativa de IDP passou de US$ 55 bilhões para US$ 70 bilhões.
Para 2023, esperam-se ligeira redução do déficit em conta corrente, para US$ 36 bilhões, em decorrência da melhora esperada para o saldo da balança comercial (US$ 54 bilhões), e pequeno aumento nas entradas líquidas de IDP (US$ 75 bilhões).
“Apesar da acentuada revisão para 2022, as projeções continuam indicando cenário favorável para as contas externas, com déficit em conta corrente inferior às entradas líquidas de investimento direto”, diz o relatório. Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo.