O novo câmbio criado pelo governo argentino para beneficiar o produtor de soja no país vizinho está “mexendo com o mercado”, afirma o analista sênior da Consultoria TF Agroeconômica, Luiz Pacheco. Segundo ele, o novo ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, cumpriu o negociado com o setor rural e fixou a taxa acima da cotação oficial.
Agora a taxa de câmbio está situada em 200 Pesos argentinos por Dólar norte-americano, algo em torno de 37% acima da cotação oficial. Com isso, o produtor argentino vendeu mais de um milhão de toneladas em um só dia – marcando um recorde para o setor – sendo que essa soja pode ir para o processamento ou para exportação, aponta Pacheco.
De acordo com o especialista, são dois os impactos: Primeiro, os prêmios do óleo de soja caíram
ainda mais (queda de $40/t no flat price). Segundo, os basis da soja argentina ofertada no CFR China caíram uns 30centavos por bushel para novembro; os basis da soja brasileira e do Golfo para a mesma janela também caíram.
“O ministro Massa falou em cinco bilhões de dólares em vendas nesse mês de setembro, período em que o câmbio do produtor vai valer. Aos níveis atuais de preço de farelo, óleo e soja, isso representa um grande volume. Com essa mudança, os mercados de óleos vegetais receberam mais um golpe”, ressalta o analista sênior da TF.
“A China e Índia estão comprando muito menos, a Indonésia está com um super estoque de óleo de palma, a sazonalidade é de aumento da produtividade das palmeiras, a demanda por biodiesel no Brasil e na Europa está menor, a China está esmagando mais soja e canola, os preços do óleo de girassol no Mar Negro estão com forte desconto em relação aos demais óleos e agora o maior exportador de óleo de soja virá pro mercado com mais agressividade. Para o Brasil, todo esse cenário pode representar mais soja no final do ano”, conclui.