Publicado em 18/08/2022 09h12

Oferta maior e consumo fraco pressionam preço do boi gordo

A referência, na média do Brasil, está em torno de R$ 300 por arroba.
Por: Estadão Conteúdo

O crescimento da oferta de boiadas no País e o fraco escoamento de carne bovina no mercado doméstico estão pressionando os preços do boi gordo no mercado físico, diz o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em relatório antecipado ao Broadcast Agro. Atualmente, a referência, na média do Brasil, está em torno de R$ 300/arroba, mesmo com a forte demanda externa pela proteína.

O Cepea cita os dados preliminares divulgados neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicam aumento de 4,07% no número de animais abatidos no primeiro semestre de 2022 ante igual período do ano passado, somando 14,28 milhões de animais. Segundo o Centro de Estudos, o volume está ligeiramente abaixo do acumulado de janeiro a junho de 2020, em 2,71%.

"Mas já indica uma recuperação, o que, por sua vez, é resultado de investimentos em tecnologia realizados por parte de pecuaristas, sobretudo em inseminação artificial", pontua.

No segundo trimestre deste ano, os números do IBGE mostraram que foram abatidos 7,32 milhões de cabeças. Quando desconsiderados os dados de 2021, o volume de animais abatidos de abril a junho de 2022 foi o menor desde 2011, quando somou 7,066 milhões.

"Comparando-se os dados do segundo trimestre do ano atual com os de 2020 e de 2019, observam-se retrações na quantidade abatida, de 1,09% e de 7,76%, respectivamente", avalia o Cepea.

Segundo o centro de pesquisas, o cenário confirma o momento que a cadeia pecuária nacional enfrenta desde 2020, de restrição de oferta de animais no campo, seja pela questão de retenção de fêmeas, mas também pela condição de clima - seca dos pastos - e pelos custos elevados de alimentação para a engorda. "A recente recuperação na quantidade de animais abatidos foi acompanhada também por um crescimento no peso total da carcaça", observa.

De acordo com o Cepea, ainda citando o IBGE, no primeiro semestre de 2022 foram contabilizados 3,766 milhões de toneladas de carcaça bovina, número 4,08% maior que o de igual período de 2021 e 0,46% acima do de janeiro a junho de 2020. "A quantidade de carne produzida por cabeça de boi teve média de 263,72 quilos/animal no primeiro semestre de 2022, praticamente a mesma da registrada em 2021, de 263,71 quilos/animal", comenta o Cepea.

Ainda assim, o Centro de Estudos observa que se trata da "maior média da história para o período", mostrando a tendência de se produzir mais carne por animal nestes últimos anos.O Cepea avalia que o movimento continua em 2022, mas com um volume maior de abates de animais.

"Diante disso, a oferta fica mais elevada, pressionando um mercado ainda dependente do consumidor doméstico para absorver a maior parte da produção", ressalta. O centro diz, ainda, que nos últimos dias muitas unidades de abate diminuíram a quantidade de animais abatidos e as escalas se alongaram, exercendo relativa pressão sobre as cotações da arroba.

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