Um estudo realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que genes de linhagem brasileira podem aumentar resistência de bactéria que infecta bovinos. Os pesquisadores realizaram a análise de genes de virulência e resistência a medicamentos antimicrobianos em linhagens brasileiras da bactéria Salmonella enterica da variedade Dublin.
“A Salmonella Dublin é primariamente uma causadora de doenças em bovinos, geralmente provocando diarreia em animais mais jovens e infecção gástrica, intestinal e sistêmica nos mais velhos, levando a anorexia, aborto, redução na produção de leite e podendo chegar à morte”, relata, ao Jornal da USP, o pesquisador Fábio Campioni, primeiro autor do artigo. “A bactéria é liberada através das fezes e do leite e, assim, infecta outros animais e também os seres humanos, no quais, em geral, ela causa doença invasiva gastrointestinal grave, diferente de outras Salmonellas, que costumam apenas levar à diarreia.”
“Não temos dados da incidência de S. Dublin no Brasil. Em geral, essa bactéria não está entre as variedades de Salmonella mais isoladas de humanos”, aponta o pesquisador. “Porém, quando ela é identificada, geralmente é em casos de infecções invasivas, que caracterizam-se pelo isolamento da bactéria em fluidos corporais e tende a culminar em um quadro clínico de infecção mais grave, seja no estômago ou no intestino.”
De acordo com Campioni, a melhor caracterização de linhagens de S. Dublin isoladas em um período de mais de 30 anos no Brasil ajuda a elucidar a evolução e o repertório genético de genes de virulência e resistência a antimicrobianos. “Dessa forma, o trabalho contribui com futuros estudos que podem vir a desenvolver vacinas e também ajuda na escolha da melhor terapia com antibióticos para o tratamento desses animais, consequentemente, reduzindo sua transmissão para humanos”, conclui.