O mercado brasileiro de milho enfrenta um fator de baixa e um fator de alta neste momento, aponta a equipe de analistas da Consultoria TF Agroeconômica. “Os preços já subiram R$ 3,15/saca de sexta a sexta, na cotação da B3 nesta semana. De sexta passada a quinta subiram R$ 5,55/saca, confirmando nossa recomendação de que não se deveria vender milho neste momento”, dizem.
Nos mercados físicos do Centro-Oeste, porém, os preços recuaram entre R$ 2-2,50/saca, pressionados pela colheita e pela pressa em vender. “No RS e em SC continuaram subindo entre R$ 1-2,00/saca, nesta última semana. Com isto, nossa recomendação continua sendo esperar mais um pouco, para vender”, diz o analista sênior da TF, Luiz Pacheco.
Confira o fator que pode subir o preço do milho, segundo a Consultoria TF Agroeconômica, e o que pode atrapalhar o aumento:
As duas grandes possibilidades de exportação apresentadas nesta semana: O forte interesse da China (novo) e da Europa (antigo, mas acentuado nesta semana) pelo milho brasileiro suscitou grande movimento de empresas exportadoras (Tradings, uma chinesa especialmente ativa na semana, apresentando preços superiores às demais). Com isto, uma importante consultoria, especializada em milho, já elevou sua estimativa dos 37,5 milhões de toneladas, da Conab, para “mais de 40 MT”, nesta temporada.
Como já dissemos aqui nas duas semanas anteriores, este “enxugamento” de produto interno (que poderá ser maior do que o agora anunciado, porque o potencial é de 10 MT (China) + 16 MT(Europa)) reduz a disponibilidade interna e provoca uma disputa entre as indústrias e os exportadores, podendo gerar uma alta do milho de até R$ 20,00/saca até o final do ano.
A grande oferta de produto de Safrinha: Os dados oficiais falam em uma segunda-safra de milho no Brasil de 88,45 milhões de toneladas, cerca de 45,6% a mais do que as 60,74 MT produzidas na safra passada, que foi atingida pela seca. Mas, várias consultorias falam em mais de 90 milhões de toneladas, aumentando a oferta. Isto pressiona os preços, especialmente no Centro-Oeste, maior região produtora do país, como mostramos nas tabelas dos respectivos estados abaixo, com repercussão também sobre os preços do RS e de SC, que são os mais altos do país, mas que se mantém baixos pela oferta vinda de outras regiões.
No lado internacional, a retomada das exportações de milho da Ucrânia, quarta maior exportadora mundial do produto, poderá arrefecer um pouco o interesse por milho brasileiro, mas ela ainda enfrenta incertezas.