Desde o início da guerra na Ucrânia as cotações da soja recuaram 241 cents/bushel, nos gráficos da Bolsa de Chicago (CBOT), aponta a analistas de mercado da Consultoria TF Agroeconômica. A derrocada superou em muitas vezes a ligeira subida de 13 cents/bushel que tinha sido registrada no início da invasão no leste europeu.
“Mesmo assim, as cotações ainda estão elevadas, garantindo um lucro aproximado de 45% aos sojicultores brasileiros e tende a continuar assim até o final desta safra, pelo menos, a depender da duração e dos efeitos colaterais desta guerra, que promete ser longa”, aponta o analista sênior da TF Agroeconômica, Luiz Pacheco.
O especialista aponta que houve efeitos específicos do conflito na Ucrânia sobre o mercado de soja: “Tão logo a guerra eclodiu, as cotações da soja em Chicago subiram 228 cents/bushel ou US$ 76/tonelada ou algo ao redor de R$ 24,62/saca, em 15 dias. O principal driver desta alta foi o óleo de soja, porque a guerra estancou o fornecimento de óleo de girassol, do qual a Ucrânia é um grande fornecedor mundial e porque o óleo de soja é usado na fabricação de biocombustível, que poderia eventualmente substituir parte do petróleo na fabricação de combustíveis, embora seja mais caro do que ele”.
No entanto, destaca Pacheco, em abril a Indonésia derramou 1,0 milhão de toneladas de óleo de palma no mercado, pressionando os preços dos óleos vegetais em todo mundo, eliminando este componente altista do mercado de soja.
“Os maiores atingidos [da crise mundial] até o momento são, pela ordem, Europa, China e (menos) Estados Unidos. O Brasil também está sendo atingido, mas grau bem menor do que os outros países, porque temos quase tudo o que necessitamos internamente (poderíamos ter também combustível se as refinarias contratadas pelo governo anterior tivessem sido terminadas, o que eliminaria a correspondência do preço da gasolina ao mercado internacional), especialmente os outros países da América do Sul, quase todos socialistas”, conclui.