Aumentam a cada dia, desde o mês passado, os protestos de agricultores holandeses contra as políticas ambientalistas impostas pelo governo do país. Com a prisão de alguns manifestantes, o clima ficou ainda mais acirrado, sendo que alguns tratores chegaram a ser alvo de tiros de policiais após furarem bloqueios.
Tudo começou quando o governo local, através dos ministérios da Natureza e da Agricultura, decidiu reduzir em 12% a poluição baseada em nitrogênio até 2030. Em algumas regiões consideradas “mais sensíveis”, as emissões de óxido de nitrogênio teriam de baixar em 95% até oito anos.
Como esse tipo de composto químico gasoso é produzido pela atividade pecuária e pelo uso de fertilizantes, o corte forçado das atividades pode resultar na extinção de pelo menos 30% das fazendas holandesas, de acordo com os produtores rurais. Além disso, insatisfação dos manifestantes aumentou porque as medidas de contenção foram aplicadas apenas ao setor rural, não tendo sido impostas a outros setores da economia altamente poluidores, como o da indústria aérea.
Além de inundarem estradas e cidades com seus tratores, os manifestantes também derramaram estrume nos escritórios do governo, em prédios públicos e nos arredores das casas de membros do governo. Os efeitos dos protestos já começam a ser sentidos pela população urbana, que começou a divulgar vídeos nas redes sociais mostrando prateleiras vazias nos alguns supermercados.
Nos últimos dias produtores rurais da Itália, da Polônia e da Alemanha também se juntaram aos protestos.
A Holanda tem pouco mais de 17,7 milhões de habitantes, mas conta com um forte setor agrícola, sendo o maior exportador mundial de batatas e cebolas e o segundo maior exportador mundial de legumes. De acordo com a agência pública de notícias alemã Deutsche Welle, a Holanda tem quase 55 mil empreendimentos rurais, com quatro milhões de cabeças de gado, 12 milhões de porcos e 100 milhões de galinhas.