Publicado em 01/07/2022 06h15

Manejo eficiente da pastagem ajuda na produção de carne de qualidade

Para acessar mercado premium e que melhor remunera com a criação a pasto, é preciso planejamento, animais de boa genética e principalmente escolher cultivares com alto valor nutritivo para alimentação do gado
Por: RuralPress - assessoria de imprensa

Segundo a Embrapa, estima-se que no Brasil cerca de 95% da carne bovina é produzida em regime de pastagens, cuja área total é de cerca de 167 milhões de hectares. Entretanto, a produção focada em carnes premium, ou seja, corte nobre de maior valor agregado ainda é baixa, mas com grande potencial. Na última década, por exemplo, o avanço desse mercado consumidor cada vez mais exigente foi de 20% ao ano. 

A produção de carne a pasto pode trazer benefícios e agregar valor à proteína produzida no Brasil, principalmente por melhorar a qualidade da gordura, aumentando os níveis de ômega 3 (ácido linolênico) e CLA, o ácido linoleico conjugado. O CLA é um ácido graxo que colabora na melhora da função cerebral, ajuda no controle de doenças metabólicas e reduz o risco de câncer. A carne a pasto também é muito rica em vitaminas como a E, que possui atividade antioxidante poderosa, protegendo as células contra os efeitos dos radicais livres. Possui ainda, boas proporções de vitamina K2, que é importante para a saúde do coração e óssea. 

O termo qualidade da carne é bastante amplo e abrange diversos aspectos, entre eles: os sensoriais (cor, suculência, sabor, odor, maciez), funcionais (pH, capacidade de retenção de água), nutricionais (quantidade de gordura, perfil dos ácidos graxos, grau de oxidação, porcentagem de proteínas, vitaminas e minerais) e sanitários (ausência de agentes contagiosos). Também é preciso levar em conta fatores éticos (bem-estar do homem e do animal), preservação ambiental e aspectos sociais. 

Pensando na produção a pasto, visando carne com qualidade, é preciso que o pecuarista se atente a diversos fatores importantes. Um deles é o valor nutricional da dieta ofertada aos animais. “No Brasil, muitas das pastagens tropicais, formadas na maioria das vezes por Panicuns spp. e Brachiarias spp. encontram-se em algum estágio de degradação, principalmente em razão de um desequilíbrio entre a oferta de forragem e o número de animais, como também pela ausência de fertilização do solo. Dessa forma, as pastagens são manejadas abaixo do seu potencial tanto produtivo quanto qualitativo. Por isso, é fundamental fornecer pasto de qualidade aos seus animais”, diz Marina Lima, Zootecnista na Soesp - Sementes Oeste Paulista.

De acordo com a especialista, entre as opções de forrageiras disponíveis no mercado para os pecuaristas que buscam maiores ganhos de peso a pasto, estão os Panicuns: BRS Zuri, Mombaça e BRS Tamani. A BRS Zuri é uma gramínea cespitosa de elevada produção, alto valor nutritivo, tolera as cigarrinhas-das-pastagens e possui alto grau de resistência à mancha das folhas. Seu manejo deve ser, preferencialmente, sob pastejo rotacionado com potencial de produtividade de 15 até 35 toneladas de matéria seca por hectare/ano. Recomenda-se que o pasto seja manejado com altura de entrada de 70-75 cm e altura de saída de 30-35 cm. 

Assim como a BRS Zuri, a cultivar Mombaça é uma alternativa para áreas de solo com maior fertilidade, sendo indicada na diversificação das pastagens em sistemas intensivos de produção animal. Sua adoção tem se dado especialmente em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). A cultivar tem alta persistência, possui tolerância às cigarrinhas das pastagens, com produção animal de 15@/ha/ano. Comparado ao capim-colonião, o Mombaça produz 130% a mais de matéria seca foliar, proporcionando aos bovinos de corte ganhos médios de 700 kg de peso vivo/ha/ano. Recomenda-se que o pasto seja manejado sob pastejo rotacionado com altura de entrada de 80 a 90 cm e altura de saída de 30 a 40 cm. 

A cultivar BRS Tamani, por sua vez, apresenta como características porte baixo, com alta produção de folhas e alto valor nutritivo (elevados teores de proteína bruta e digestibilidade), produtividade e vigor, sendo de fácil manejo. Seu alto valor nutritivo e adaptação faz com que seja indicada para engorda de bovinos, principalmente no bioma Cerrado, sendo uma opção para diversificação de pastagens em solos bem drenados. Em condições de baixas temperaturas, a cultivar apresenta maior persistência que as cultivares Massai e Tanzânia e semelhante à cultivar Mombaça. Sua recomendação para pastejo rotacionado é de altura de entrada de 45 a 50 cm e altura de saída de 20 cm a 25 cm. 

Manejo adequado 

Ainda de acordo com a zootecnista, outro fator fundamental que o produtor não pode descuidar é da uniformidade de suas pastagens. A escolha da forrageira adequada e sementes de boa qualidade são de extrema importância. Nesse sentido, os produtos da Soesp se destacam pela tecnologia Advanced, que proporcionam sementes com pureza em torno de 98%. Além disso, a alta qualidade do tratamento reduz a aderência, resultando em uma semeadura bem distribuída e sem falhas. “Outro diferencial é que as sementes já vêm de fábrica tratadas com inseticida e dois fungicidas. Este tratamento segue protegendo o insumo de cupins, formigas, fungos, até sua germinação”, destaca Marina. 

Além do cuidado com a qualidade das sementes que vão produzir o pasto para alimentar o gado, o pecuarista também precisa se atentar ao manejo dos animais em si, pois um importante fator que afeta a maciez da carne é a quantidade de exercício. Bovinos que tradicionalmente se movimentam mais, apresentam maior quantidade de colágeno. Dessa forma, a oferta de forragem em quantidade e qualidade adequada aos animais fará com que eles reduzam a busca por alimentos em longas distâncias. A maciez da carne também está ligada à idade de abate. Animais abatidos tardiamente tendem a apresentar carne mais dura após o cozimento, sendo a redução da idade de abate uma das estratégias para produção de carnes mais macias. 

Boa genética é fundamental 

A escolha da raça também é muito importante, animais de raças grandes e musculosas, como Charolês e Limousin têm maiores taxas de crescimento, peso de abate e área de olho de lombo, indicando maior quantidade de carne na carcaça, porém, são mais tardias para acumular gordura. Já as raças menores e de musculatura moderada, como Angus, Hereford e Shorthorn, apresentam menores ganhos, porém, são mais precoces em termos de acabamento de carcaça, com maior espessura de gordura, pois diminuem antecipadamente a deposição de tecido magro em detrimento da deposição do tecido adiposo. 

Uma opção para criação de bovinos a pasto que cresce a cada ano entre os produtores é o cruzamento industrial, sendo que este propõe a combinação de duas ou mais raças adaptadas para corte de diferentes tipos biológicos, que tem por objetivo melhorar a eficiência na produção de carne. O aumento do peso e melhoria da qualidade das carcaças estão entre os benefícios que os cruzamentos entre raças taurinas e zebuínas proporcionam, de forma imediata, à pecuária de corte. 

 

 

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