Atender às necessidades do setor suinícola mundial e trazer inovação. Estas foram as diretrizes da programação do Pré-Congresso do IPVS2022, que ocorreu na terça-feira, 21/6, dando início à programação oficial da 26ª edição do evento, que vai até sexta-feira, 24/6, no RioCentro, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Fernanda Almeida, presidente do IPVS2022
Reconhecido como o mais importante evento científico da suinocultura mundial, o IPVS2022 marca o retorno do congresso ao Brasil depois de 34 anos, reunindo mais de duas mil pessoas. “Após dois anos de muito esforço para tirar este congresso do papel, o resultado reforçou o apoio de toda a classe suinícola ao evento. Percebemos o avanço científico da atividade, que mesmo com a pandemia, não parou de evoluir”, ressaltou a presidente do IPVS2022 Fernanda Almeida.
O evento, que tem como tema “Novas perspectivas para a suinocultura: biosseguridade, produtividade e inovação”, é composto por 26 sessões distribuídas ao longo de quatro dias de evento. Neste dia 21, os participantes tiveram acesso à grade de palestras do Pré-Congresso, uma novidade em Congressos IPVS, que trouxe temas como reprodução, uso de antimicrobianos, sanidade, imunologia e vacinologia, nutrição, bem-estar, Peste Suína Africana (PSA), dentre outros.
Um dos destaques do dia ficou por conta da sessão de agronegócio. Inédito na programação da história do IPVS, o painel reuniu lideranças do setor, que buscaram criar uma sólida aliança entre a ciência e a agroindústria a fim de construir pontes entre os dois polos da cadeia produtiva. “Inserimos o painel ‘Agronegócio’ em nossa programação por entender que precisamos nos preparar de maneira holística, ou seja, associar teoria e prática para que tenhamos sucesso nos resultados produtivos”, declarou o diretor de relações institucionais do IPVS2022, diretor executivo de agropecuária e sustentabilidade da JBS/Seara e presidente do Sindicarne, José Antônio Ribas.
Nutrição foi outro tema de destaque no Pré-Congresso, hoje o grande gargalo da cadeia produtiva devido aos altos custos dos insumos. “A suinocultura brasileira tem grande expressividade no agronegócio brasileiro, produzindo 14,329 milhões de toneladas, terceiro lugar no ranking mundial e exportando 4,610 milhões de toneladas, o que garante o primeiro lugar do pódio nos negócios internacionais desta proteína. Para melhorar ainda mais a eficiência produtiva das granjas, é necessário buscar a continua evolução da conversão alimentar, buscando melhores índices para gerar um desempenho econômico mais positivo”, explicou a presidente do IPVS2022.
Na sessão que apresentou uma série de medidas para prevenção e controle da Peste Suína Africana no mundo, o professor de saúde animal da Universidade Complutense de Madrid (ESP) e diretor do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), José Manuel Sánchez Vizcaíno, apresentou os fatores de risco para o ingresso da Peste Suína Africana mundial e o desenvolvimento de vacinas. “É preciso reforçar o controle de entrada de alimentos nos aeroportos brasileiros. O turista vai viajar, traz um embutido, por exemplo, e não imagina que, através daquela iguaria, pode trazer o vírus da PSA. A comunidade subestima a gravidade do transporte de alimentos e isso pode ser a porta de entrada para uma epidemia”, alertou.
Sobre o status sanitário do Brasil com relação à PSA, a professora Fernanda Almeida reafirmou que o controle sanitário é patrimônio nacional. “Nós não temos esse status sanitário porque 'Deus é brasileiro', mas, sim, porque somos muito bons no que fazemos”.
Um dos temas abordados no Pré-Congresso do IPVS 2022 foi uma ampla análise sobre o uso de antimicrobianos na produção de suínos e o impacto do crescimento da resistência ao uso destes medicamentos na saúde animal e também na saúde humana.
O professor da Ghent University, da Bélgica, Jeroen Dewulf, debateu o uso de antimicrobianos na produção de suínos na Europa e, segundo ele, nesta questão, “menos é mais”. “Cerca de 33 mil pessoas morrem no mundo devido à resistência bacteriana, porém a maior parte não está associada à produção animal”, apontou. “A interação ser humano eanimal precisa ser muito bem analisada e por isto está crescendo muito o conceito one health (saúde única). Somente assim podemos avançar no conhecimento de como se usa os antibióticos e reduzir a resistência antimicrobiana”, destacou. De acordo com ele, o endurecimento da legislação na Europa é um fato. “Somente assim conseguiremos controlar melhor o impacto da resistência causada pelo uso excessivo de antimicrobianos”, afirmou.
Na sequência, a professora da Universidade Federal de Santa Catarina Maria José Hötzel analisou esta questão do ponto de vista do Brasil. “O uso de antimicrobianos é uma realidade em diferentes fases da vida dos suínos. Não creio que banir o uso seja o melhor caminho, mas, sim, criar mecanismos, inclusive legais, para controlar a supermedicação de maneira geral”, salientou.
Ela ainda analisou a importância da biosseguridade e bem-estar na produção suinícola. “Estes são os aspectos mais importantes para o trabalho de eliminação das doenças nas granjas”, afirmou. “Há muito exagero no que se fala sobre o tema, sem o devido conhecimento sobre aspectos técnicos. Uma coisa é certa: precisamos de antibióticos para controlar a sanidade”, disse.
O médico-veterinário Locke Karriker traçou um perfil sobre o uso de antimicrobianos na produção de suínos na América do Norte, apontando que há um grande esforço global quanto ao uso de antimicrobianos. “Precisamos melhorar o uso responsável destes medicamentos nos Estados Unidos também. Um reflexo é o endurecimento das leis sobre o tema”, destacou.
Os mercados importadores, segundo Karriker, exercem uma forte pressão para decisões sobre o uso de antimicrobianos. “Por isso, a legislação caminha para ser mais restritiva e regulamentada. É uma questão difícil, que envolve, acima de tudo, motivação no campo de todos os atores envolvidos, inclusive dos médicos-veterinários”, analisou. “Uma coisa é certa: não teremos novas drogas no mercado e por isso precisamos desenvolver melhores práticas para lidar com as que dispomos no mercado”.
O professor da Swedish University of Agricultural Sciences Ulf Magnusson discorreu sobre o tema “Uso de antimicrobianos e administração na produção de suínos no leste e sudeste da Ásia – uma atualização”. Segundo ele, a produção de suínos é a que mais se usa antimicrobianos. “Em algumas regiões do mundo é muito difícil de acompanhar o respeito às legislações. Precisamos mudar o perfil do uso de antimicrobianos como promotores de crescimento e preventivos”, afirmou. “Como prevenção ainda é o maior problema se comparado ao uso como promotores e como a projeção aponta um crescimento da produção de suínos na Ásia, tornando-a ainda mais intensiva, são extremamente necessárias medidas contra o uso excessivo destes medicamentos e se o uso abusivo continuar, os antimicrobianos serão cada vez menos eficientes devido ao aumento da resistência gerada”, disse.
Elaborado de acordo com as necessidades do novo normal, a edição brasileira do IPVS2022 foi elaborada em formato híbrido e democrático, onde as palestras são oferecidas com tradução simultânea em inglês, português e espanhol.
Nos próximos três dias, o congresso segue com suas programação de palestras, abordando assuntos como doenças bacterianas e virais, vacinologia, antimicrobianos e bem-estar animal. “Basicamente o conteúdo apresentado reflete na demanda científica da suinocultura mundial”, relata Fernanda Almeida
Além destas sessões, os congressistas terão acesso ao resultados dos resumos selecionados pela banca examinadora. “Teremos apresentações e um espaço onde os pôsteres estarão abrigados, para que todos possam conferir o que há de mais atual em termos de soluções para o setor suinícola”, conta a presidente.
Com relação a Feira de Negócios, a organização do evento comemora a adesão das principais empresas do setor. “Recebemos o apoio dos expositores, que farão do IPVS2022 uma vitrine para divulgar seus produtos e serviços. Isso além de conferir confiabilidade ao evento, mostra o potencial do Brasil na suinocultura mundial”, encerra.
No site e nas redes sociais do IPVS2022 você encontra a programação completa e acompanha a cobertura oficial do evento.
Acesse: www.ipvs2022.com
O IPVS2022 conta com o apoio das principais entidades da suinocultura brasileira, como: Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (ABEGS), Sindicarne-SC e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O IPVS2022 tem como Partner as empresas Boehringer-Ingelheim, Farmabase, Hipra, MSD e Zoetis. Na categoria Supporter, temos a presença da Ceva e Elanco. As empresas Agroceres PIC, Biofarma, DB-Dan Bred, Idexx, Ourofino, Pharmacosmos, Sanphar, Trouw Nutrition, Vetanco e Virbac formam o grupo dos patrocinadores Platinum e no grupo Gold temos Crystal Spring, Magapor, Microvet, Phytobiotics, Thermo Fisher, Tonisity, VetScience, Vetoquinol, Lanxess, BioChek e Apha Scientific. Além destas, as empresas Adisseo, Boehringer-Ingelheim e ICC patrocinam o Pré-Congresso do IPVS2022.
O evento apresenta como parceiros de mídia os veículos 333 Brasil, 333 Internacional, Academia Suína, Ediciones Pecuarias/Acontecer Porcino, Engormix, Feed & Food, Maiz Y Soya, MAP, O Presente Rural, Pig Progress, Piscishow e Avisuleite, Suíno Brasil, Suino.com, Suinocultura Industrial, SuiSite, Veterinária Digital e Globo Rural.
IPVS2022 – International Pig Veterinary Society Congress
21 e 24 de junho de 2022
Evento híbrido – Rio de Janeiro / Riocentro Convention & Event
Contato: www.ipvs2022.com ou pelo telefone +55 (31) 3360-3663.
A IPVS – International Pig Veterinary Society é uma associação de especialistas em sanidade e produção suína. Foi fundada em 1967, e já realizou outras 25 edições deste importante evento.
De acordo com a IPVS, os seus objetivos são: realizar congressos internacionais para a troca de conhecimentos relacionados à sanidade e produção suína; formar médicos-veterinários especializados em suinocultura em todos os países produtores de suínos, bem como promover cooperações entre as entidades produtoras.