A semana que passou foi marcada, mais uma vez, pela alta volatilidade (oscilação) em Chicago. No contrato com vencimento em julho, as cotações atingiram níveis nunca vistos de U$17,74 o bushel, superando os U$17,71 no ano de 2012. Após isso, as cotações recuaram um pouco, fechando a semana valendo 16,99 dólares o bushel (+2,86%).
O principal motivo para essa alta nos preços é a oferta cada vez mais escassa e cercada de incertezas, diante de uma demanda crescente e firme. Além disso, o mercado do grão também foi de carona em uma nova disparada do óleo de soja, que por sua vez, segue acompanhando ganhos intensos no petróleo e sinais de baixa oferta.
As preocupações com o excesso de chuvas no norte do cinturão produtor americano fecham o quadro de fatores da semana. O boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), divulgado na sexta-feira (10/06), elevou os estoques e estimativa de produção da safra atual de 2022/23, porém não foi suficiente para segurar o movimento altista de Chicago.
O dólar seguiu sua tendência de alta, fechando a sexta-feira valendo R$4,99 (+4,39%). Discussões sobre a proposta do governo para tentar baixar os preços dos combustíveis no Brasil, coloca em dúvida a saúde fiscal do país. No exterior, a maior inflação em 40 anos nos Estados Unidos, reforça as expectativas de alta mais robustas nas taxas de juros do país, atraindo maior capital investidor para renda fixa.
Com a expressiva alta de Chicago e dólar, o mercado brasileiro apresentou valorização considerável nos preços, em relação à semana anterior.
Nesta semana, o mercado da soja permanecerá com atenções voltadas para o clima que influenciará o avanço do plantio e desenvolvimento inicial da nova safra dos Estados Unidos. As previsões climáticas apontam para uma semana mais chuvosa, principalmente nas regiões norte, que segue liderando o atraso no plantio, preocupando cada vez mais o mercado. Os movimentos de compra chinesa no mercado internacional também será outro fator importante.
O dólar poderá continuar com sua tendência de alta diante do possível aumento de taxas de juros pelo Banco Central americano, na quarta-feira (15/06). Caso esses cenários se confirmem, a semana será marcada pela continuidade da alta dos preços, porém de forma mais sutil, considerando uma possível correção de Chicago.
Enquanto a colheita da safrinha segue evoluindo sem empecilhos, a possível alta demanda internacional começa a ditar a movimentação de preços no Brasil. Sendo assim, no momento, o mercado passa a focar no desenvolvimento das lavouras norte-americanas que constituirão parte da oferta mundial de milho no último trimestre deste ano. O cenário de baixos estoques reforça a necessidade de uma boa produção nos EUA e no Brasil.
Com os armazéns cheios de soja da safra atual, o produtor tem a necessidade de vender o milho direto da roça (boca da colhedora), ficando exposto a eventuais quedas semanais. Sabendo disso, os compradores continuam cautelosos, aguardando boas oportunidades de compra com a evolução da colheita.
A Bolsa de Chicago (CBOT) finalizou a semana com alta de +6,30%, encerrando a 7,73 dólares por bushel. Já o dólar fechou a semana com alta de +4,39%, valendo R$4,99. No cenário de Chicago e dólar em alta expressiva, as exportações ficam mais atrativas, diminuindo as negociações no mercado interno.
Essa semana, as cotações de milho poderão continuar com seu movimento baixista, pressionado principalmente pela evolução da colheita no Brasil.