Uma das pautas que ganhou força na edição deste ano da Agrishow foi a importância da criação de uma certificação de qualidade para os adjuvantes. O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Hamilton Ramos, afirma que já houve avanços nos últimos anos, como a criação do programa “Adjuvantes da Pulverização”, do qual ele é o coordenador.
Para ele é importante que sejam feitos novos investimentos em pesquisas para aumentar o conhecimento do agronegócio em relação aos efeitos de adjuvantes. “Ao contrário do que ocorre na indústria de agroquímicos ou defensivos agrícolas, cujos insumos são alvo de rigorosas etapas de pesquisas para registro e fiscalização, adjuvantes agrícolas produzidos no Brasil não passam pela regulação oficial. Essa brecha legal abre espaço para uso incorreto e inseguro de defensivos agrícolas e também de adjuvantes”, resume Ramos.
O pesquisador explica que adjuvantes constituem produtos adicionados à calda dos defensivos agrícolas no momento da pulverização. “Adjuvantes têm por função agregar efeitos espalhante, umectante, penetrante e outros. Produtos de baixa qualidade e funcionalidade não comprovada podem causar ‘deriva’ e trazem problemas ambientais, agronômicos e à saúde do trabalhador rural.”
Ramos ressalta ainda que, no final do ano passado, o programa Adjuvantes da Pulverização lançou um selo específico para certificar a funcionalidade estampada nos rótulos desses produtos. O Selo IAC para Adjuvantes Agrícolas já foi obtido por 14 empresas do setor.
“Defendemos que critérios e métodos empregados na avaliação da funcionalidade de adjuvantes agrícolas sejam discutidos com fabricantes, pesquisadores e usuários dos produtos, no âmbito de câmaras técnicas como a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O objetivo é desenvolver um conjunto de normas que respaldem um Sistema Oficial de Certificação, mas este processo leva tempo”, argumenta ele.
Outro avanço para o setor de adjuvantes, destaca o pesquisador, foi a criação do primeiro “túnel de vento” totalmente brasileiro, que foi desenvolvido pela equipe do programa Adjuvantes da Pulverização. “O túnel de vento avalia com precisão e custo acessível a interferência dos adjuvantes na ‘deriva’ de agroquímicos, como herbicidas, fungicidas, inseticidas e acaricidas”, garante ele.
Sem fins lucrativos, o programa Adjuvantes da Pulverização é financiado com recursos privados e está instalado nas dependências do Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP.