Entre 2011 e 2013, a Embrapa Suínos e Aves (SC) e o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) desenvolveram um projeto que acompanhou 13 produtores para determinar o consumo de água e a geração de dejetos durante as fases de crescimento e terminação. Pesquisas anteriores, desenvolvidas na década de 1980 e que embasaram a legislação ambiental em vigor, indicavam que cada suíno gastava em torno de 16 litros de água por dia. O estudo liderado pela Embrapa chegou à conclusão de que o consumo médio atual é de 8,5 litros.
De acordo com o pesquisador Paulo Armando de Oliveira, que coordenou a pesquisa em parceria com o Sindicarne, o novo parâmetro não foi uma surpresa completa. "Com as mudanças significativas que ocorreram na genética, nutrição e instalações nas últimas décadas, sabíamos que o consumo de água e a produção de dejetos haviam diminuído. Mas faltava saber quanto". O estudo também apurou que os produtores que melhor usam a água consomem em torno de 4,5 litros por suíno por dia. Os de pior resultado superam os 11 litros. "Essa diferença está ligada principalmente ao manejo e equipamentos. Soluções simples podem render bons resultados e ganho econômico para o produtor. A água desperdiçada influencia diretamente no custo para tratar e distribuir o dejeto," completou Oliveira.
Os novos parâmetros de consumo de água na suinocultura renderam uma nova parceria entre a Embrapa e o Sindicarne. O Projeto Gestão da Água na Suinocultura Catarinense iniciou-se em junho deste ano e será financiado pelas agroindústrias e pela Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS). A proposta é levar a todos os suinocultores do Estado as informações necessárias para fazer com que o consumo de água diário fique dentro da média de 8,5 litros por animal. Segundo o analista Jean Vilas Boas, da Embrapa, e Cinthya Zanuzzi, do Sindicarne, coordenadores do projeto, a iniciativa catarinense certamente se transformará em exemplo para o restante do País.
Até março de 2015, será finalizado o Plano de Gestão da Água. A fase seguinte é capacitar técnicos e produtores para fazer com que o plano seja aplicado em todas as granjas que produzem suínos no Estado, levando em conta as especificidades de cada uma. Ao mesmo tempo, será desenvolvido um material de comunicação para ser colocado dentro das instalações que produzem suínos. A ideia é implantar uma "sinalização" interna que auxilie o produtor e regular a altura correta dos bebedouros, por exemplo.