No início desta semana, a Embrapa Pantanal lançou uma nota informativa sobre os níveis dos rios na bacia do alto Paraguai-Pantanal após as chuvas de fevereiro. De acordo com a nota, escrita pelo pesquisador da instituição Carlos Roberto Padovani, as fortes chuvas deste mês causaram um aumento nos níveis registrados em várias estações ao longo do rio Paraguai e afluentes. Um dos afluentes do rio Paraguai, por exemplo, o rio dos Bugres, registrou um pico de 4,13 metros no último dia 13, marcando um aumento de 2,80 metros em relação ao nível registrado no dia 04 (que foi de 1,33 metros).
Chuva na região próxima ao rio Paraguai, MS
O que geralmente ocorre em casos como esses, segundo Padovani, é a propagação da frente de cheia influenciada pelas chuvas através do rio Paraguai. Em Bela Vista do Norte, por exemplo, o nível do rio deve aumentar em pelo menos um metro em relação ao nível registrado no dia 16 deste mês, passando de 3,95 metros para de 4,5 a 5 metros na metade de março. Ao final da publicação, o pesquisador recomenda cautela, principalmente, às populações ribeirinhas da região, considerando uma possível continuidade das chuvas fortes - "especialmente nas bacias das cabeceiras do rio Paraguai e Cuiabá".
Confira abaixo o texto integral da nota informativa escrita pelo pesquisador Carlos Roberto Padovani, da Embrapa Pantanal.
"NOTA INFORMATIVA
16 de fevereiro de 2015, 20:55 horas
Fevereiro chegou com mais chuvas que janeiro, caracterizado por temporais na bacia do alto Paraguai-Pantanal, tanto no Mato Grosso quanto no Mato Grosso do Sul. Caíram fortes chuvas de até 150 mm entre os dias 05 e 06 deste mês sobre a bacia do rio dos Bugres, afluente do rio Paraguai na região das suas cabeceiras no planalto (veja o álbum de chuvas fortes no Geohidro-Pantanal). Depois do nível de 1,33 metros registrado no dia 04, o rio dos Bugres teve um pico de 4,13 metros no dia 13, na estação de Barra dos Bugres – um aumento de 2,80 metros em 9 dias.
Esse aumento já está causando a subida do nível do rio Paraguai em Cáceres, que pode chegar a um pico de 1 a 2 metros acima do nível registrado no último dia 16, de 3,44 metros, podendo chegar em torno de 4,5 a 5,5 metros nos próximos 10 a 15 dias.
Como consequência, essa frente de cheia vai se propagar pelo rio Paraguai abaixo, podendo fazer com que o nível do rio Paraguai em Bela Vista do Norte aumente em pelo menos 1 metro acima do nível registrado no dia 16, de 3,95 metros, podendo chegar em torno de 4,5 a 5 metros na metade de março (valor similar ao da previsão do Serviço Geológico do Brasil - CPRM).
Atenção aos ribeirinhos para a continuidade das chuvas fortes, especialmente nas bacias das cabeceiras do rio Paraguai e Cuiabá. O rio Cuiabá em Cuiabá se encontra com níveis baixos se comparado aos últimos 4 anos. Porém, na estação de Porto Alegre, no Pantanal, este se encontra acima da cota de permanência de 50% devido às fortes chuvas que caíram na região do Paiaguás entre 23 e 26 de julho de 2014 (veja o álbum de chuvas fortes no Geohidro-Pantanal).
No Pantanal do MS, caíram fortes chuvas de até 270 mm entre os dias 05 e 07 de fevereiro na região do Miranda, Aquidauana, rio Negro, Abobral, rio Vermelho, baixa Nhecolândia, norte do Nabileque e rio Paraguai na região de Corumbá. Essas regiões, que estavam relativamente bem drenadas, receberam uma carga de chuva, favorecendo uma situação preocupante com relação à frente de cheia que virá do norte da bacia.
Carlos Roberto Padovani - pesquisador/ Embrapa Pantanal"