A segunda edição do Estudo de Inadimplência do Produtor Rural da Serasa Experian revelou que 15,8% desses trabalhadores estavam com dívidas negativadas em março deste ano. Em comparação com a primeira onda do levantamento, feita em junho de 2021, esse número teve queda de 0.1 ponto percentual – movimentação que pode ser considerada como uma estabilidade no cenário econômico do agronegócio. Ao avaliar os estados de grande produção agrícola, a inadimplência do setor é, em média, menos que a metade da taxa da população adulta com o nome no vermelho.
De acordo com o Head de Agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, o estudo demonstra como o desempenho do setor conseguiu se manter estável durante e após a pandemia. “O agronegócio, um dos principais motores da economia no país, continuou gerando empregos e renda neste período, contando também com preços favoráveis à comercialização de seus produtos. Os ganhos dos produtores se mantiveram ou até cresceram em alguns casos, fazendo que muitos conseguissem pagar as contas, mitigassem riscos e evitassem a inadimplência”.
Apesar disso, o estado do Tocantins se mostrou uma exceção, já que foi o único em que a inadimplência do produtor rural foi maior do que o da população em geral. Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, um dos motivos que pode explicar essa situação é a participação dos produtores que possuem as rendas mais baixas, de até R$ 2 mil, concentrada nesse estado. “Quando comparado com as demais regiões analisadas vemos que mais da metade das pessoas no Tocantins têm uma renda inferior. Dessa forma, devido ao encarecimento dos insumos, das contas básicas e da taxa de juros, ficou mais difícil manter o orçamento em ordem e a inadimplência, naturalmente, tende a aumentar”.
Os dados do levantamento também confirmam a relação entre uma renda mensal maior e uma inadimplência amena, já que o índice revelou que os produtores rurais que ganham acima de R$ 10 mil mensalmente possuem o menor percentual de negativação (12,2%). Veja no gráfico abaixo os dados completos e o comparativo entre junho/2021 e março/2022.
Ainda de acordo com as informações do estudo é possível avaliar a inadimplência dos produtores rurais de acordo com sua faixa etária. A partir dos 41 anos há uma redução expressiva até chegar aos produtores rurais com mais de 60 anos, que foram os que menos deixaram de honrar seus compromissos financeiros, tanto em 2021 como em 2022. Neste ano, os que mais deveram foram aqueles na faixa entre 18 e 25 anos (21,4%).
Metodologia: O Estudo de Inadimplência do Produtor Rural foi realizado em março de 2022 e junho de 2021, com uma amostra de 95 mil produtores rurais dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Tocantins.