Os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, mais a guerra entre Rússia e Ucrânia poderão trazer oportunidades para a agropecuária brasileira impulsionadas pelo aumento da demanda por alimento, que se tornou o bem mais procurado em todo o canto do mundo e também pelo aquecimento dos preços dos produtos agrícolas. Essas projeções foram mostradas pelo especialista em agronegócio Alexandre Mendonça de Barros na abertura do Master Meeting Soja, nesta terça-feira (12), em Cuiabá/MT.
Especialista em agronegócio, Alexandre Mendonça de Barros
O contexto pandêmico e de guerra fez crescer a compra, a garantia e o abastecimento de alimentos. “O Brasil tem uma oportunidade muito grande para cada vez mais se consolidar como um fornecedor confiável para abastecer o mundo. A Rússia perderá espaço no mundo como um fornecedor confiável de commodities. O Brasil poderá ocupar esse espaço”, afirmou Alexandre Mendonça.
Apesar dessa projeção positiva, cautela é a palavra recomendada pelo especialista. Segundo ele, é preciso atenção por causa da elevação do custo do capital e o aumento nos custos de produção, principalmente o de fertilizantes. Alexandre explica que a piora da inflação vem fazendo com que o Banco Central suba fortemente a taxa de juro, alterando o cenário das duas últimas safras.
“Com os altos preços dos fertilizantes será muito importante otimizar os nutrientes que temos no solo, o que requer grande conhecimento e experiência na área. Esse é o ano que mais precisaremos do conhecimento de nossos colegas engenheiros agrônomos na área de nutrição”.
Produtor e equipe que tem histórico sobre o solo, que fez correções e adubações com eficiência podem ter juntado uma ‘poupança’ e pode ter reserva de adubação. Se a previsão é de continuidade na explosão dos preços dos fertilizantes, usar o que está guardado no solo pode ser uma das alternativas para mitigar a elevação dos custos de produção.
Além disso, conforme Alexandre Mendonça, nesse momento merece destaque o que está acontecendo com a taxa de câmbio, pois a guerra promoveu acentuada valorização do real e isso afeta muito os preços internos dos produtos agrícolas. “Sobre a ótica de custos o assunto principal é o de fertilizantes. É necessário cautela, análise e uso das informações da área para tomar as melhores decisões e evitar prejuízos. ”
De acordo com o palestrante que falou para mais de 350 pessoas no primeiro dia do Master Meeting Soja, esse momento é muito oportuno para refletir e tomar decisões assertivas a médio e longo prazo. Para Alexandre, a eleição no Brasil deve trazer volatilidade à taxa de câmbio.
“Ninguém sabe exatamente qual será o eixo da política econômica do próximo governo. Esse assunto não é prioridade hoje no mercado financeiro. Mas será no segundo semestre e isso certamente trará mais volatilidade ao câmbio, à inflação, ao comportamento do juro. ”