As consequências do conflito Rússia e Ucrânia estão impactando muito na pecuária de corte brasileira, visto que os dois países são grandes exportadores de matéria prima para rações e isso faz com o que os preços do mundo todo sejam afetados. De acordo com o diretor de Negócios da Trouw Nutrition, Francisco Olbrich, os russos produziram 88,9 milhões de toneladas de trigo e a Ucrânia foi o quinto maior produtor, com 29 milhões de toneladas em 2021.
“Avicultores, suinocultores, produtores de leite e pecuaristas de corte já estão sentindo o peso no bolso, porque além da invasão da Rússia à Ucrânia, há também o aumento do preço dos combustíveis, que impacta a cadeia produtiva como um todo. Diante disso, é essencial nos preparar pois dependemos da importação de fertilizantes, como ureia e potássio, o que também pode impactar negativamente nosso poder de produzir grãos”, disse.
Segundo o consultor de Agronegócio do Banco Itaú, Cesar Castro Alves, o setor de proteínas animais é muito sensível a esse cenário. “O quadro do abastecimento das matérias-primas seguirá complicado até a entrada da safrinha no mercado. Portanto, os próximos meses serão desafiadores para quem precisa dos grãos”, afirmou.
“Os desafios são reais. No entanto, por mais que o cenário seja desafiador, precisamos olhar o copo meio cheio: em fevereiro, o Brasil teve recorde de exportações de carne, com alta demanda global. Quando pensamos por esse lado, isso é positivo para o pecuarista. A China, por exemplo, continua comprando, ajudando a manter o valor da arroba. O fato é que temos de aprender a lidar com a situação, utilizando as ferramentas a nosso alcance”, completou Francisco Olbrich.