Mato Grosso do Sul passou a ter a 3ª maior tarifa de energia do país. Isso porque a Energisa conseguiu o reajuste médio de 18,16% (acima da inflação) para os 1,084 milhão de consumidores, de 74 municípios. O novo valor, definido nessa terça-feira (12), durante a 12ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), começa a valer a partir de sábado (16).
Para os consumidores de baixa tensão, como residenciais, o impacto será de 17,93%. Para os de alta-tensão, no caso da indústria, será de 18,81%. O consumidor rural terá o maior impacto, de 25%.
O Concen-MS (Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Energisa MS) explica que o aumento significa cerca de R$ 21 para cada 100 quilowatts-hora (residencial), saindo de R$ 69,04 para R$ 81.
O efeito trouxe repúdio para o movimento popular “Energia cara, não” e, especialmente, para alguns consumidores.
O movimento criado em 2019 denunciou a Energisa, em Brasília, por uma possível fraude nos medidores de energia. O idealizador Venício Leite lamenta o aumento drástico.
“É um tapa na cara do consumidor da energia do Estado de Mato Grosso do Sul. É um completo absurdo isso. A energia assim como o combustível só aumentam, sem pudor nenhum. As pessoas são obrigadas a consumir. Nós somos reféns, nós somos obrigados a consumir esse produto. Eles estão com a faca e o queijo na mão”, destacou.
Venício lembra que a população ainda está sob o efeito da pandemia, ao passo que a Energisa obteve ótimos lucros no ano passado.
“Nós ainda estamos sob o reflexo de dois anos de pandemia, que afetou toda a sociedade, afetou o emprego, afetou a indústria, afetou o comércio, afetou o setor de serviços, e a Energisa vem agora com esse aumento, depois de auferir lucro nunca registrado antes na sua história. Acho que deveria ter uma intervenção, poderiam os deputados federais se reunir e estudar melhor as ações das pessoas que estão lá na Aneel”, completou.
Na visão da economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) de Mato Grosso do Sul, Andreia Ferreira, o aumento foi fora do comum. A profissional também compara com os ganhos que a distribuidora tem apresentado.
“Indecente. Não teve nenhuma categoria com este reajuste e a empresa tem apresentado um baita lucro”, disparou.
De acordo com o Dieese, nos últimos cinco anos, a conta de energia acumula 66,60% de aumento em Mato Grosso do Sul. Em contrapartida, o salário-mínimo do trabalhador aumentou apenas 37,72%.
Conforme informações da Energisa, em 2017 ocorreu a Revisão Tarifária Periódica, que resultou na queda de 1,92% na conta de energia dos consumidores de Mato Grosso do Sul. Já em 2018, o aumento foi de 10,65%; 2019 de 12,39%; 2020 de 6,9%; e 2021 de 8,90%.