O modelo atual de crédito rural foi criado na década de 1960 e vem demonstrando sinais de cansaço, de acordo com Luis Lapo, CRO da Traive. Segundo ele, os produtores e o setor já percebem a redução na oferta de crédito rural com taxas subsidiadas, e de linhas de investimento do Bando Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Recursos privados para substituição desses financiamentos no curto prazo e para acompanhar o crescimento e expansão do agronegócio brasileiro existem, e já estão disponíveis, acessíveis para àqueles que consigam demonstrar para o investidor privado três coisas. A primeira é a correta quantificação do risco de sua atividade (caso do produtor) ou de seus recebíveis (caso dos fornecedores de insumos). A segunda é o correto cumprimento dos artigos estabelecidos nas legislações socioambientais, já que os recursos serão destinados apenas para propriedades que cumpram o chamado compliance legal, na prática, o ESG (sigla que define as ações e investimentos em âmbito social, ambiental e de governança). Por fim, o terceiro é a existência de mecanismos de mitigação de riscos, em especial, seguros agrícolas mais eficientes”, escreve.
Nesse contexto, ele afirma que o crédito rural subsidiado continuará existindo e cumprirá um papel diferente daquele para que foi criado, com um propósito de apoiar pequenos produtores e também aqueles cujo financiamento privado não tem apetite em operar. Para o restante da cadeia, a matriz de financiamento passará a ter uma participação muito maior de investidores privados, incluindo interessados internacionais.
“A captação desses recursos dependerá apenas da capacidade de entender e se adaptar a essas novas formas de acesso ao mercado de capitais. As revendas de insumos, cooperativas e indústrias do agro precisam estar preparadas para surfar esta nova onda e continuarem liderando o acesso do produtor a estes recursos financeiros, parte tão fundamental para o desenvolvimento do agronegócio nas últimas décadas e nas próximas que estão por vir!”, conclui.