A Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA discutiu, na terça (5), as potencialidades do Brasil para ampliar a produção de trigo no País. Foram tratados temas como o cenário mundial, ações de fomento para o cereal na região Sul e o plano de desenvolvimento para expansão da produção do trigo tropical no Cerrado.
Os pesquisadores do Cepea/Esalq/USP, Lucilio Alves e Mauro Osaki, falaram sobre a oferta e a demanda de trigo, considerando os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que são grandes produtores do cereal e também fornecedores de fertilizantes. Segundo eles, de 2017 a 2022 os dois representaram 30% da produção mundial do grão.
Alves afirmou que há dois anos seguidos os estoques de trigo vêm caindo e a demanda está superando a oferta. “É um reflexo da pandemia, mas agora com a guerra houve uma disparada de preços, com aumento chegando a 75% em poucos dias”, disse.
Ele ressaltou ainda que apesar de importar quase metade do trigo que consome, o Brasil não sofrerá um contexto de escassez do produto.
“O País apresentou recorde de produção em 2021, mas precisamos que Rússia e Ucrânia produzam porque os estoques estão em baixa e o preço continuará subindo para o consumidor final”.
Mauro Osaki comparou o desempenho econômico do trigo do Brasil com os principais produtores mundiais, tomando como base cinco safras (15/16-19/20) para os valores internacionais e nacionais. Na Rússia, por exemplo, a produção de uma tonelada custa 62 dólares; na Ucrânia, 96 dólares, já no Brasil, o valor chega a US$ 177.
Segundo ele, a rentabilidade do trigo nos últimos anos tem sido desfavorável em função dos custos de produção da cultura, o que favoreceu o plantio do milho.