Publicado em 18/02/2022 19h03

Resíduo da cana desintoxica sedimento contaminado por chumbo

A redução da mobilidade de EPTs no ambiente reduz a contaminação de água, plantas e animais.
Por: Leonardo Gottems

Um biocarvão produzido em altas temperaturas a partir da palha da cana-de-açúcar pode descontaminar sedimentos contaminados por chumbo e arsênio, descobriram pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). Ele é produzido por pirólise a temperatura de 750 graus Celsius (°C).

“O biocarvão é um produto produzido a partir da pirólise (ou seja, a queima) de material vegetal e/ou animal a temperaturas entre 300 °C e 800 °C, e que pode ser usado na ‘imobilização’ de elementos potencialmente tóxicos (EPTs). Essa estratégia reduz a biodisponibilidade dos EPTs e os impede de serem liberados do solo para o ambiente. A redução da mobilidade de EPTs no ambiente reduz a contaminação de água, plantas e animais; como consequência, reduz o risco de exposição aos seres humanos”, explica Matheus Bortolanza Soares, engenheiro agrônomo responsável pela pesquisa.

O experimento foi realizado com amostras de sedimento provenientes de uma área de beneficiamento de minério de chumbo e prata no município de Apiaí, no interior de São Paulo, que estavam contaminadas com arsênio (As), presente no solo na forma de ânion (carga negativa), e com chumbo (Pb), presente na forma de cátion (carga positiva). “Cada um dos extratores ataca partes específicas do sedimento e dá uma noção da energia de ligação entre os contaminantes e o sedimento: a água remove o teor prontamente disponível dos contaminantes, o cloreto de magnésio extrai o teor dos contaminantes que pode ser liberado por meio de trocas iônicas, o ácido nítrico diluído que pode ser liberado com modificações do pH (reatividade) e o Mehlich-3 que está associado à matéria orgânica”, explica o pesquisador.

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