O uso de cultivos geneticamente modificados (GM ou transgênicos) na agricultura permanece controverso, especialmente na Europa, devido tanto à falta de conhecimento quanto à oposição política. No entanto, um novo estudo mostra que as culturas geneticamente modificadas podem realmente ser boas para o meio ambiente e o clima em particular.
Os resultados sugerem que a adoção de culturas GM na União Européia (UE) poderia reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, leitura desconfortável para grupos ambientalistas que há muito combinam defesa do meio ambiente com forte oposição aos transgênicos.
A agricultura é responsável por cerca de 25% de todas as emissões de gases de efeito estufa no mundo. Grande parte dessas emissões se deve à produção pecuária e ao uso de fertilizantes. No entanto, mais de um terço das emissões da agricultura se devem à mudança no uso da terra, especialmente a conversão de florestas e outras reservas naturais em terras agrícolas para atender à crescente demanda mundial por alimentos.
"O uso de melhores tecnologias para aumentar o rendimento das culturas em terras já cultivadas pode reduzir essa mudança no uso da terra e as emissões associadas", diz o autor do estudo, Prof. Dr. Matin Qaim, Diretor do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento da Universidade de Bonn.
Certos tipos de culturas GM, como milho e soja GM, são amplamente cultivados em outras partes do mundo, mas dificilmente na Europa. "As principais razões são questões de aceitação pública e obstáculos políticos", diz Qaim. As estimativas sugerem que o uso mais amplo de culturas geneticamente modificadas na UE poderia impedir a liberação de 33 milhões de toneladas de CO2 equivalente, correspondendo a 7,5% do total anual de emissões de gases de efeito estufa da agricultura.