À medida que os agricultores europeus se preparam para o plantio da primavera, os preços altíssimos dos fertilizantes minerais não lhes deixam escolha a não ser aplicar menos fertilizantes e tentar repassar o custo para o consumidor final. Produtores de culturas importantes, como milho e trigo, enfrentam pela primeira vez uma crise no mercado de fertilizantes minerais, causada por sua vez pela crise energética, restrições à exportação e sanções comerciais. Por sua vez, o aumento dos custos dos agroquímicos pode levar a uma redução nas plantações de primavera, que representam até um terço das colheitas da Europa.
A Europa pode enfrentar uma escassez de 9% de fertilizantes nitrogenados no primeiro semestre de 2022. Os preços dos alimentos também podem subir como resultado de rendimentos mais baixos ou aumento dos preços das safras. Ao mesmo tempo, muitos agricultores ainda não compravam os agroquímicos necessários, contando com a queda dos preços.
Por exemplo, as pré-encomendas de fertilizantes minerais entre grandes empresas agrícolas na França e na Alemanha são provavelmente cerca de 70% de suas necessidades para a temporada atual, enquanto a disponibilidade de nações do Mar Negro como Ucrânia ou Romênia é ainda menor.
O mercado de fertilizantes nitrogenados, tão crítico para as culturas de primavera da Europa, foi o mais afetado pela crise energética, pois o gás natural é usado na produção desses agroquímicos. Seu déficit em janeiro-junho de 2022 pode chegar a 7 milhões de toneladas. E isso apesar de algum relaxamento nas últimas semanas e da restauração da utilização da capacidade de várias empresas químicas.
Entre outras coisas, o mercado global de fertilizantes minerais também está ameaçado por restrições de exportação da China e Rússia e sanções dos EUA contra a Belaruskali e a Belarusian Potash Company.
Muitos agricultores decidiram mudar para culturas menos exigentes no uso de agroquímicos. As colheitas em queda prejudicam ainda mais a segurança alimentar, enquanto os preços quase recordes nos mercados mundiais pressionam ainda mais os consumidores e a inflação dos combustíveis.
