O Brasil importou US$ 60,7 bilhões em produtos químicos em 2021, valor total pago pela aquisição das mais de 60,5 milhões de toneladas. De acordo com a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) os valores são recorde na série histórica de acompanhamento da balança comercial setorial, que começou a ser compilada em 1989.
Na comparação com os resultados de 2020, foi registrada uma expressiva elevação, de 46,7%, no valor monetário das importações, acompanhada de importante elevação de 17,4% nas quantidades físicas adquiridas. Segundo a Abiquim, isso pressionou a indústria nacional e deslocou os produtos brasileiros no próprio mercado doméstico.
Quando comparadas com as 37,5 milhões de toneladas de 2013, observa-se um aumento de 61,3% no deficit, sobretudo em produtos químicos orgânicos e para o agronegócio. Houve também um vertiginoso crescimento de 105,5% das importações originárias da Ásia (excluído o Oriente Médio), consolidando essa região geográfica como principal fornecedora.
Para o Presidente-Executivo da ABIQUIM, Ciro Marino, o ano de 2021 é emblemático em demonstrar que o País precisa garantir segurança jurídica ao investidor, pois só assim as oportunidades de mercado se transformarão em uma agenda de atração de capital produtivo.
“O Brasil tem domínio técnico e expertise empresarial de produção de diversos itens que poderiam ter sua capacidade instalada aumentada ou voltarem a ser fabricados no País, diminuindo a dependência externa em várias cadeias produtivas. Na contramão disso, a Medida Provisória editada no último dia de 2021, extinguindo, de imediato, o Regime Especial da Indústria Química (REIQ), cria um ambiente de insuportável insegurança jurídica, uma vez que o Congresso Nacional aprovou, em meados do ano passado, a manutenção do REIQ até 2025 e, assim, ameaça mais de 85 mil empregos no País”, diz ele.
“A indústria brasileira, sobretudo a química, é um ativo estratégico para o Brasil e deve ser amparada por políticas públicas consistentes, perenes e de Estado, especialmente em matérias econômicas e comerciais. Do contrário, progressivamente veremos unidades industriais se deslocarem para mercados que levam a sério seu setor produtivo e, com elas, empregos e renda que serão decisivos para o Brasil nesse momento de retomada econômica”, conclui Marino.