A Embrapa Soja e a Embrapa Agrossilvipastoril acabam de atualizar a nota técnica sobre apodrecimento de grãos e vagens de soja para a safra 2021/22. O apodrecimento de grãos e vagens em estádio final de formação em lavouras de soja vem sendo observado em algumas regiões brasileiras desde a safra 2019/2020, em especial na região do médio-norte do estado de Mato Grosso, causando redução significativa de produtividade em lavouras com alto potencial produtivo, principalmente nas primeiras semeaduras.
O apodrecimento de grãos e vagens em estádio final de formação em lavouras de soja vem sendo observado em algumas regiões brasileiras desde a safra 2019/2020, em especial na região do médio-norte do estado de Mato Grosso, causando redução significativa de produtividade em lavouras com alto potencial produtivo, principalmente nas primeiras semeaduras.
Em visitas realizadas nas lavouras da região, observou-se diferença genética entre as cultivares quanto à intensidade de apodrecimento de grãos e vagens, identificando-se algumas cultivares sem o problema ou com menor incidência.
Observou-se resposta da aplicação de fungicidas, que amenizam, mas não resolvem o problema, com variação entre os diferentes programas aplicados pelos produtores. Muitas lavouras com apodrecimento de grãos e vagens são expostas a aplicações regulares de fungicidas e apresentam boa sanidade foliar. O apodrecimento pode ocorrer em toda a planta, mas com maior intensidade no terço médio inferior e se inicia na fase final de enchimento de grãos, próximo a maturação fisiológica.
Uma das a hipóteses da causa do apodrecimento de vagens e grãos está ligada a um conjunto de fatores relacionados ao ambiente favorável ao desenvolvimento de fungos fitopatogênicos / saprofíticos e à maior sensibilidade de determinadas cultivares.
Esses fungos normalmente estão presentes de forma latente nos tecidos da soja, podendo ser obtidos de diversas partes da planta e em diferentes estádios fenológicos. A sua proliferação, causando o apodrecimento dos tecidos antes da maturação, muito provavelmente, é dependente das condições de ambiente favorável, da susceptibilidade da cultivar e de estresses abióticos.
Em análises realizadas em grãos e vagens com e sem sintomas, foram encontrados gêneros de fungos já descritos há muito tempo na cultura, como Phomopsis, Fusarium, Colletotrichum, Cercospora e bactérias.
Em estudos preliminares, constatou-se que os grãos dentro das vagens deterioradas apresentavam elevados índices de enrugamento, resultantes da exposição das plantas às condições de elevadas temperaturas (acima de 30 ºC) durante a fase de enchimento de grãos. Esse enrugamento normalmente é mais intenso sob déficit hídrico, mas pode também ocorrer em condições normais de disponibilidade hídrica. O enrugamento afeta drasticamente a qualidade dos grãos e das sementes e propicia a infecção secundária por Phomopsis spp., o que pode propiciar o apodrecimento das vagens, principalmente em situações de ocorrência de chuvas frequentes em pré-colheita. Sabe-se que a expressão do enrugamento de grãos tem grande influência genética. Supõe-se que as cultivares que estão apresentando esse problema possam ser mais suscetíveis à sua expressão.
A Embrapa, em parceria com outras instituições e empresas, vem desenvolvendo trabalhos de pesquisa para ampliar as hipóteses e suas interações. Desta maneira, continuará realizando o isolamento de fitopatógenos, a avaliação da nutrição das plantas na ocorrência de apodrecimento de vagens e grãos, bem como a observação das relações entre o teor de lignina e do enrugamento dos grãos com o apodrecimento de grãos e vagens.
Os dados são da Embrapa Agrossilvipastoril e Embrapa Soja