Publicado em 07/01/2022 06h49

Farmacêuticas se dedicam ao desenvolvimento de novas vacinas contra a Influenza Aviaria

“A gripe aviária não é mais um evento sazonal quanto parecia: está muito disseminada e veio para ficar”
Por: Avisite

Analisando a evolução dos casos de Influenza Aviária no mundo, o Instituto Friedrich-Loeffler (FLI, na sigla em alemão), órgão oficial de saúde animal da Alemanha e principal centro de pesquisa de doenças animais do país, ressalta que os atuais surtos vêm se manifestando de forma mais dramática que no Inverno europeu anterior e lamenta que a Primavera ainda esteja muito longe. “Novos casos são relatados todos os dias, tanto em aves silvestres como em granjas comerciais, e a área de distribuição é, também, cada vez mais extensa”, comenta o FLI.

De acordo com recente boletim do Instituto, apenas no trimestre final de 2021 o vírus foi detectado 675 vezes em aves selvagens, enquanto outros 534 surtos foram relatados em aves domésticas (de quintal e comerciais) – o que corresponde a uma média diária de 13 casos. Além disso, o vírus também foi detectado em mamíferos em vários países: em raposas na Holanda e na Finlândia, em focas na Alemanha e na Suécia e em lontras na Finlândia.

Na Holanda, a Fundação Avinet, de apoio à avicultura local, também alerta que a situação continua muito tensa e relata, para os dois primeiros dias da semana, a morte (em decorrência da doença ou por sacrifício sanitário) de quase 300 mil cabeças de frango e  de cerca de 120 mil poedeiras, todas envolvidas em surtos de Influenza Aviária de alta patogenicidade. Desde outubro de 2021 foram sacrificadas na Holanda mais de 700 mil aves.

“A gripe aviária não é mais um evento sazonal quanto parecia: está muito disseminada e veio para ficar” – afirma Kees de Jong, diretor do departamento de avicultura da LTO Nederland, grupo empresarial atuante na agropecuária holandesa. Daí sua observação de que é fundamental descobrir outras soluções para o dilema além do simples sacrifício sanitário a cada novo caso detectado. “O consolo seria dispor de uma vacina”, conclui.

De Jong observa que grandes empresas farmacêuticas estão trabalhando em uma vacina contra o vírus. Segundo ele, nem todos os países querem introduzir uma estratégia de vacina. Existem preocupações quanto à segurança da carne e dos ovos de animais vacinados. Mas agora que o vírus está se espalhando tão rápido, mais e mais países também estão percebendo essa necessidade. Em sua opinião, os produtos dos animais vacinados são seguros para consumo. Em um futuro próximo, haverá testes com vacinas na Holanda, Bélgica e França, entre outros.

O problema, porém, não se resume aos aspectos sanitários e econômicos. Envolve também, por exemplo, a política (ampla e mundialmente preconizada) de criação ao ar livre visando ao bem-estar animal das aves criadas comercialmente. Pois, com a disseminação do vírus, a primeira medida oficial tem sido confinar todas as aves, impedindo-as de viverem soltas.

Aliás, é sobretudo por isso que o avicultor holandês Roy Tomesen aguarda ansiosamente o lançamento de uma vacina. Por ordem do governo, suas poedeiras permanecem confinadas desde meados de outubro, portanto, há mais de 10 semanas. E se essa obrigatoriedade se estender além das 16 semanas, ele perde a licença de produtor de ovos caipiras.

No mapa abaixo, o LFI assinala os casos de Influenza Aviária registrados no continente europeu entre 1º de outubro de 2021 e 3 de janeiro de 2022. Os apontados com um círculo em vermelho referem-se a aves domésticas e de criações comerciais; o triângulo na cor azul diz respeito a aves selvagens; e o quadrado em vermelho trata das aves de zoológicos. A visibilidade não é das melhores, mas está claro que os casos predominam nas criações domésticas e comerciais.