Publicado em 04/02/2015 09h08

De volta à lavoura, Glauber Silveira prevê cotações apertadas para a soja

A principal preocupação da agricultura aos poucos passa do clima para o mercado em Mato Grosso. A temporada avança com chuvas na maior parte das regiões que ainda têm soja em enchimento de grãos. Mas não há, no horizonte dos próximos meses, nada que possa alavancar os preços novamente, avalia Glauber Silveira, que comandou a Aprosoja por oito anos [a unidade MT e a nacional] e neste momento concentra-se na colheita. O impacto da queda nos preços pode ser até maior que o das estiagens localizadas, considera.
Por: AgroGP

vagem

Ele reduziu a rotina de conferências, entrevistas e viagens constantes como presidente da associação de agricultores mais influente do Brasil — em que chegou a visitar 28 países num mesmo ano — e voltou a ter contato com a lavoura. “Fazia praticamente 12 anos que não acompanhava de perto a produção.” Só não se afastou do mercado, como forma de manter avaliação estratégica e garantir margem de lucro maior na comercialização.

A Expedição Safra Gazeta do Povo acompanhou a colheita de soja em uma das áreas de Glauber Silveira, em Campos de Júlio. Tratado sem qualquer formalidade entre os trabalhadores, Maguila, como é chamado na roça, mostra preocupação extrema com qualquer tipo de perda. O ataque de formigas ou a soja que transborda de um caminhão carregado podem levar embora dois ou três sacas por hectare, justifica.

Com 70% de sua produção vendida, avalia que deveria ter avançado ainda mais na comercialização. Tinha meta de atingir US$ 20 por saca, perto da marca do ano passado, e conseguiu média de US$ 19 até agora.

O ganho deve vir apenas da produtividade. Com clima descrito como “perfeito”, pretende passar da média de 55 sacas para 57 sacas por hectare. “Não tem sinais de reação [no mercado] no curto prazo. E os Estados Unidos devem plantar ainda mais soja, porque a situação do milho não melhorou no mercado global”, resume.

A próxima safra brasileira também deve sentir efeitos da redução nas margens de lucro da soja. “Não haverá recuo no plantio [como no milho], mas a expansão será fortemente reduzida”, prevê.

Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os preços da soja em Mato Grosso caíram entre 10,5% e 13,7% no último mês. A expectativa é que o dólar volte para a cotação de R$ 2,80, revertendo parte dessa queda. O Imea informa que a produtividade média está caindo conforme a colheita avança, mas mantém previsão de 52,4 sacas por hectare para a temporada.

Publicidade