Ele reduziu a rotina de conferências, entrevistas e viagens constantes como presidente da associação de agricultores mais influente do Brasil — em que chegou a visitar 28 países num mesmo ano — e voltou a ter contato com a lavoura. “Fazia praticamente 12 anos que não acompanhava de perto a produção.” Só não se afastou do mercado, como forma de manter avaliação estratégica e garantir margem de lucro maior na comercialização.
A Expedição Safra Gazeta do Povo acompanhou a colheita de soja em uma das áreas de Glauber Silveira, em Campos de Júlio. Tratado sem qualquer formalidade entre os trabalhadores, Maguila, como é chamado na roça, mostra preocupação extrema com qualquer tipo de perda. O ataque de formigas ou a soja que transborda de um caminhão carregado podem levar embora dois ou três sacas por hectare, justifica.
Com 70% de sua produção vendida, avalia que deveria ter avançado ainda mais na comercialização. Tinha meta de atingir US$ 20 por saca, perto da marca do ano passado, e conseguiu média de US$ 19 até agora.
O ganho deve vir apenas da produtividade. Com clima descrito como “perfeito”, pretende passar da média de 55 sacas para 57 sacas por hectare. “Não tem sinais de reação [no mercado] no curto prazo. E os Estados Unidos devem plantar ainda mais soja, porque a situação do milho não melhorou no mercado global”, resume.
A próxima safra brasileira também deve sentir efeitos da redução nas margens de lucro da soja. “Não haverá recuo no plantio [como no milho], mas a expansão será fortemente reduzida”, prevê.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os preços da soja em Mato Grosso caíram entre 10,5% e 13,7% no último mês. A expectativa é que o dólar volte para a cotação de R$ 2,80, revertendo parte dessa queda. O Imea informa que a produtividade média está caindo conforme a colheita avança, mas mantém previsão de 52,4 sacas por hectare para a temporada.