O presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande Sul (Fecovinho), Oscar Ló, destaca que as cooperativas do Estado têm reforçado a produção de sucos de uva e espumantes, que apresentam crescimento constante nos últimos anos. “Como as cooperativas têm o compromisso de receber toda a produção dos associados, a reconversão para os sucos e espumantes contribui para que não tenhamos aumento de estoque e problema na colocação no mercado”, explica. Ló lembra que a redução na venda do vinho de mesa a granel é uma das tendências que podem ser observadas. “Temos visto um crescimento na venda de produtos engarrafados, e isso é positivo, pois são produtos com maior valor agregado”, enfatiza o dirigente.
Ao analisar os números de comercialização de vinhos finos e espumantes em 2014, o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin e presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá, reconhece que existem dificuldades na competitividade com os importados, principalmente no segmento de vinhos tranquilos. “É preciso continuar fortalecendo nossa base produtiva, com a qualificação de produtos, sermos mais competitivos, trabalhar pela redução da carga tributária e intensificar o trabalho de marketing que está sendo feito. É uma junção de fatores que precisam ser trabalhados para melhorarmos esse quadro”, pondera.
O presidente da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Rogério Beltrame, concorda que a elevada tributação e os custos de produção dificultam a competição com os produtos importados. “A grande maioria dos vinhos importados não usa o selo fiscal devido a decisões judiciais, o que acaba resultando em concorrência desleal com o vinho nacional”, explica. Segundo ele, é importante continuar o pleito junto ao Governo para a inclusão do setor no Simples Nacional. Entre os fatores positivos que podem ser apontados, segundo Beltrame, é a procura cada vez maior pelos sucos naturais.
Para o diretor executivo do Ibravin, Carlos Paviani, o desempenho do setor vitivinícola deve continuar a pautar as estratégias do setor de qualificação e busca de mercado. “De qualquer forma o setor está em alerta porque não houve crescimento. É preciso intensificar o trabalho de qualificação, ampliação e treinamento dos canais de comercialização e aumento da competitividade, sendo a redução da carga tributária e o combate ao descaminho algumas das alternativas”, propõe.
Desempenho de vendas dos produtos vitivinícolas gaúchos em 2014*
(Correspondem a cerca de 90% da produção brasileira)
- Os espumantes, em geral, tiveram aumento de 5,5%, com a venda de 16,7 milhões de litros;
- Os espumantes moscatéis cresceram 14,3%, com a venda de 4,2 milhões de litros;
- Na categoria sucos de uva prontos para o consumo, ocorreu aumento de 13,5% em relação a 2013, com a venda de 90,2 milhões de litros;
- Os sucos naturais/integrais cresceram 15,4%, com a venda de 83,3 milhões de litros;
- Na categoria de sucos de uva reprocessados e/ou reconstituídos, o crescimento foi de 44%, com a comercialização de 2,6 milhões de litros;
- Os vinhos tranquilos, incluindo os de mesa e os de variedades viníferas, apresentaram redução de 4,17%, com a venda de 225,2 milhões de litros;
- Foram vendidos 206 milhões de litros de vinho de mesa (- 4,19% em relação a 2013):
Tintos: 177,8 milhões (-3,2%); Brancos: 26,7 milhões (-9%); Rosados: 1,4 milhão (-20,3%);
- Foram vendidos 19,2 milhões de litros de vinho de variedades viníferas (vinho fino), ou seja, -3,98% na comparação com 2013: Tintos: 14,7 milhões (-3,7%); Brancos: 4,4 milhões (-3,7%); Rosados: 154, 5 mil litros (27,2%);
- Os vinagres apresentaram redução de 6% na venda em relação a 2013, com a comercialização de 13,7 milhões de litros em 2014. A exceção positiva foram os vinhos acetificados (com maior acidez, para tornarem-se vinagre no destino), com aumento de mais de 40% em relação ao mesmo período.