“Um exemplo típico é: o produtor tem metas de produtividade, só que não tem o produto registrado para combater a praga que ataca a lavoura de morango. Porém, este mesmo produto está registrado para praga similar na lavoura de soja. Para o produtor não perder a plantação, ele compra o produto legalmente, mas ao usar na plantação de morango, se torna ilegal, porque a empresa não registrou o produto para morango. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) detecta o produto no morango e a confusão está feita”, explica Luiz Carlos Bhering Nasser, membro do Conselho Científico Para Agricultura Sustentável (CCAS), engenheiro agrônomo, pós-doutor em biologia ambiental e professor coordenador do curso de pós-graduação de análise ambiental e desenvolvimento sustentável do UniCEUB.
O conselheiro esteve presente no III Encontro Nacional sobre Registro de Agrotóxicos para CSFI. O evento foi ontem (28/01), na sede da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), em Brasília/DF. Estiveram presentes representantes da cadeia de agronegócio: associações e entidades, indústrias, produtores rurais, e teve abertura especial da ANVISA, MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e CNA. O objetivo principal foi de aprimorar o sistema de registro dos produtos no Brasil.
Essa discussão é importante para colocar o produtor rural na legalidade, ou seja, usando os agroquímicos registrados pelos órgãos competentes do Brasil. “Com isso se protege a saúde do consumidor, do trabalhador rural, além de minimizar o desequilíbrio ambiental no solo e cursos da água, flora e fauna”, detalha Nasser.
Ricardo Lopes, presidente da APHORTESP (Associação dos Produtores e Distribuidores de Hortifrútis do Estado de São Paulo) também acompanhou o evento e considera essencial que toda cadeia produtiva discuta e busque soluções para aprimorar os sistemas de registro de agrotóxicos para CSFI. “É uma iniciativa importante, pois o produtor rural pode expor seus entraves para toda a cadeia produtiva, afinal a limitação de produtos registrados afeta diretamente a nossa produtividade, com consequências para o abastecimento no varejo, e obviamente, para o consumidor”, afirma Lopes.
Além disso, o consumidor final não pode ver o produtor rural como um vilão já que cada vez mais os produtores estão preocupados em plantar e colher com sustentabilidade e segurança. “Nossas associadas são certificadas, passam por controles e auditorias, treinamentos constantes e investem na qualidade e segurança do alimento. Precisamos valorizar isso e mostrar essa imagem para o mundo”, finaliza Lopes.