Considerado a prévia da inflação oficial, o indicador ganhou força de dezembro de 2014 para janeiro de 2015, passando de 0,79% para 0,89%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ficaram mais caras as carnes (3,24%) e a batata-inglesa (32,86%).
Secretário estadual de Agricultura e Pecuária, Christino Áureo diz que já houve redução de 5% na produção de hortifruti e de 20% na de leite no estado. Estima-se que no último trimestre de 2014 ocorreu uma perda de duas mil cabeças de gado devido à seca. “Apesar de o rebanho fluminense ser da ordem de 2,2 milhões, a mortandade de animais é a sentinela da gravidade da seca e o impacto é silencioso e prolongado”, adverte.
De acordo com o presidente da Federação de Agricultura do Estado do Rio (Faerj), Rodolfo Tavares, a preocupação com a falta de chuvas é grande. Ele diz que o mês de janeiro deve apresentar índices abaixo da metade das ocorrências dos últimos 30 anos.
“Isso é preocupante, pois o período de chuva vai até março, depois começa o período de seca. Se as chuvas não forem intensas em fevereiro e março, recuperando o lençol freático e os mananciais, certamente alguns alimentos deixarão de ser produzidos, refletindo no aumento do preço”, avalia. Pecuarista, o presidente da Faerj lembra que a escassez de pastagens faz aumentar o custo tanto da produção de carne quanto de leite, já que sobe o uso de insumos — como grãos — para alimentar o gado. “Além disso, a exportação também contribui para o aumento do preço da carne”, diz.
Tomate pode voltar a ser vilão
Presidente da Associação dos Produtores e Usuários da Ceasa (Acegri), Waldir Lemos aponta o tomate como um dos possíveis frutos a subir de preço nos próximos dias. Segundo ele, nesse primeiro momento, o tempo quente ajudou as lavouras, adiantando a colheita da produção.
“Porém, se não chover nos próximos dias, as plantações futuras poderão ser afetadas, havendo falta de produto e alta de preço”, alerta Lemos. Ele diz que já ouviu produtores reclamando que em alguns municípios do interior as bombas d’água estão sendo desligadas pelas prefeituras. “Assim, há produtores irrigando suas lavouras a cada dois ou três dias, o que pode afetar a colheita ”, afirma Lemos.
Economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), André Braz assegura que, no momento, a variação de preços está de acordo com a época do ano. “O verão é de extremos, tanto para a temperatura quanto para o volume hídrico, afetando as produções e o preço dos produtos. Por enquanto, a carne e a batata inglesa têm apresentado preços mais altos, assim como foi o tomate no ano passado”, diz.
Para o especialista, a maior pressão deve ocorrer se realmente o produtor não conseguir mais obter água para irrigação.