Tudo começou em meados dos anos 1970, período em que houve grande avanço na produção brasileira de carne de frango, o que gerou excedentes que obrigaram as empresas a buscarem mercado fora do Brasil – uma aventura naquela época.
Quem saiu na frente, então, foi a Sadia, logo seguida por Perdigão e outras empresas. No primeiro ano – 1975 – os embarques efetuados somaram 3.469 toneladas, ou seja, menos de um milésimo do volume exportado nos últimos anos.
Não foi fácil enfrentar os “donos” do mercado daquela época – Holanda e França, a princípio; depois, também os EUA. Era, como se dizia naquela ocasião, uma “briga de elefantes na qual todos os problemas desabavam sobre a formiguinha” – no caso, o Brasil. Tanto que, após passar de 3 mil para 300 mil toneladas em apenas oito anos (+8.500%), foram precisos outros 19 anos para se alcançar a marca do primeiro milhão de toneladas.
Isso aconteceu em 2001, coincidindo com período em que o Ministério da Agricultura foi assumido por técnico vindo, exatamente, do setor exportador – o Ministro Pratini de Moraes. Foi quando o setor, rapidamente, chegou aos 2 milhões de toneladas anuais (2004) e, logo a seguir (2007) ultrapassou os 3 milhões de toneladas/ano.
Os números são apenas ilustrativos, mas nesses 40 anos os exportadores brasileiros já forneceram a consumidores externos mais de 50 bilhões de quilos de carne de frango. Além disso, contribuíram de forma decisiva para a balança comercial brasileira, gerando divisas que, somadas, ultrapassam 80 bilhões de dólares.
Entre 1975 e 2014, o volume de carne de frango embarcado aumentou 115 mil por cento, enquanto o aumento na receita cambial vai além de 240 mil por cento. A diferença se deve à valorização do produto brasileiro no mercado externo, obtida, sobretudo, através da exportação de produtos com maior valor agregado – frango em pedaços, carne de frango salgada e industrializados de frango.
Isso é constatado ao analisar-se a evolução do preço médio obtido pelo produto. Nos primeiros 20 anos (1975 a 1994), em raras ocasiões o preço médio chegou a US$1.000 por tonelada. Nos 10 anos seguintes (1995 a 2004), a média subiu para US$1.150/tonelada. Já nos últimos 10 anos (2005 a 2014) essa média ficou em US$1.730/tonelada.
De toda forma, parece que as exportações brasileiras de carne de frango alcançaram um nível a partir do qual o crescimento se torna apenas vegetativo. É fácil constatar isso, bastando observar que no último quinquênio os embarques anuais têm se mantido na faixa dos 3,8-4,0 milhões de toneladas.
O desafio, agora, é preservar mercados.