SÃO PAULO - Segundo o CNC, o tempo adverso tem resultado em um baixo número de internódios --intervalo entre as gemas de crescimento do caule para a formação dos grãos da colheita futura.
O CNC, que representa os cafeicultores, disse que informações recebidas indicam de cinco a seis internódios, ao passo que deveriam ter se desenvolvido entre oito e dez.
"Normalmente, a previsão é que, ao final de março, os internódios cheguem a 15, mas isso será impossível no atual cenário, o que, certamente, impactará negativamente na safra do ano que vem", afirmou a entidade em nota.
O conselho reiterou expectativa de que o Brasil colherá em 2015 um volume menor do que o projetado pelo governo.
"O passar dos dias e a continuidade da falta de chuvas, das elevadas temperaturas e do déficit hídrico no cinturão cafeeiro do Brasil vem tornando ainda mais preocupante a situação das lavouras e transparecendo que colheremos um volume aquém do intervalo de 44,1 milhões a 46,6 milhões de sacas projetadas...", afirmou.
De acordo com o CNC, os principais Estados produtores de café arábica estão em situação "alarmante", haja vista que as condições climáticas estão parecidas com as de 2014.
"Além disso, este ano, as lavouras de café robusta no Espírito Santo também preocupam. Relatos de institutos de pesquisa apontam que há mais de um mês não chove nas principais regiões produtoras de conilon (robusta) do Estado e já se registra falta de água para irrigar os cafezais devido aos baixos níveis nos reservatórios."
O CNC lembrou ainda que contratou a Fundação Procafé para apurar em campo as perdas que o veranico atual deverá ocasionar na colheita deste ano.
As chuvas esperadas para os próximos dias nas áreas produtoras não impedirão que o mês de janeiro seja encerrado com volume acumulado de chuvas abaixo da média histórica, destacou o CNC. Isso associado a elevadas temperaturas, "justamente na fase crítica de enchimento dos grãos de café".
A colheita de café arábica do Brasil de 2015 começa em meados do ano.
Segundo a Somar Meteorologia, uma frente fria sobre o Sudeste canaliza a umidade da Amazônia e causa chuva forte sobre São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso, com acumulado médio entre 30 e 50 milímetros até 27 de janeiro.
Entre 28 de janeiro e 1º de fevereiro, a chuva mais intensa permanecerá sobre o Sudeste, com acumulado médio entre 30 e 50 milímetros em São Paulo, Rio de Janeiro e centro e sul de Minas Gerais.