Considerado um micronutriente importante no crescimento e no fortalecimento da raiz da planta, o zinco ainda é pouco utilizado nos canaviais brasileiros, segundo o pesquisador do IAC, Estêvão Vicari Mellis. No instituto paulista, o recomendado até então era aplicar cinco quilos de zinco por hectare de cana cultivado em solo de baixa fertilidade. Mas agora, com a conclusão da primeira fase dessa pesquisa, há segurança para dobrar essa quantidade para 10 quilos por hectare, afirma Mellis.
Outras pesquisas sobre o tema foram feitas pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), uma empresa privada de pesquisa em cana controlada por usinas de São Paulo. Há cerca de dois anos, o CTC também recomenda a aplicação de até 10 quilos de zinco em solos de baixa fertilidade aos seus clientes.
A pesquisa do IAC, cujos resultados são acessíveis a todos os produtores do Estado, chegou a testar o uso de até 20 quilos de zinco por hectare, explica Mellis, que coordena o estudo juntamente com o pesquisador José Antonio Quaggio. “Mas constatamos que acima de 10 quilos, há prejuízos para o desenvolvimento da planta”, afirma.
Em solo pouco fértil
A cana plantada com a dose de dez quilos de zinco por hectare (em solo pouco fértil) rendeu 16% mais no primeiro ano de ciclo, e 10% no segundo e também no terceiro ano, segundo Mellis.
“O custo de aplicação do micronutriente no plantio se paga com 3 toneladas de cana por hectare. Em três anos, as áreas com dose certa de zinco produziram 36 toneladas a mais”, afirma.
O tema ganha ainda mais relevância, diz ele, na medida que, com a expansão da cultura nos últimos anos, uma grande parte dos canaviais se estendeu a terras menos produtivas. Em torno de 45% da cana paulista está estabelecida em solos com essas características. No País, esse percentual é de 60%, segundo ele.
O valor total do projeto do IAC é de R$ 800 mil. A Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) é a principal financiadora com 45% dos recursos. Na primeira fase, que demandou R$ 400 mil e vai culminar na mudança da recomendação técnica para aplicação de zinco, teve como parceira a Produquímica.
A segunda fase, que começa neste ano e vai até 2019, demandará o restante dos recursos (R$ 400 mil) e terá como foco desenvolver tecnologias que viabilizem a aplicação dessas doses adequadas no campo.
“Em uma das usinas parceiras, criamos na máquina de adubação um novo compartimento para aplicar o zinco”, diz Mellis. A Votorantim Metais, a maior produtora de zinco para agricultura do país, vai participar dessa segunda etapa, com um aporte total de R$ 300 mil entre 2015 e 2019.
Potencial do zinco
De olho no potencial do zinco na agricultura, a Votorantim criou um departamento para cuidar dos produtos voltados ao setor e não descarta dobrar a produção anual de zinco para esse tipo de uso, dos atuais 20 mil, para 40 mil toneladas em cinco anos, afirmou o gerente geral comercial de Polimetálicos da Votorantim Metais, Carlos Marcelo Henriques.
A produção global de zinco da Votorantim é de 739 mil toneladas anuais, sendo 200 mil toneladas no Brasil. Por volta de 10% desse volume é de zinco para agricultura.
“Entendemos que há grande potencial para aumento do uso de zinco na agricultura”. Citando estudo da PwC, Henriques diz que a cultura da cana-de-açúcar deve responder por 43% de todo o crescimento esperado para os próximos cinco anos no País. “A soja deve significar os outros 34% da expansão deste mercado”, afirma o executivo.