A receita das exportações mato-grossenses fechou o exercício 2014 em retração. O resultado negativo é o primeiro em 16 anos e se torna o pior já registrado na série histórica local. Conforme dados divulgados nesta quinta-feira (15.01) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o faturamento encolheu 6,44% em relação ao realizado em 2013. Passou de US$ 15,81 bilhões para US$ 14,79 bilhões.
Durante todo o segundo semestre de 2014, a receita mensal contabilizada esteve sempre inferior ao mês par na comparação com o ano anterior. Os números de ontem ratificam a projeção feita pelo Diário de que o saldo anual não chegaria a US$ 15 bilhões. Contribuíram para o desempenho ruim, o pior desde 1998, a desvalorização dos preços das commodities agrícolas, a taxa de câmbio que até o terceiro trimestre de 2014 se manteve em nível desfavorável ao exportador, bem como o desaquecimento do consumo internacional, destino da maior parte da pauta estadual. Enquanto em cifras a queda foi de quase 6,5%, em volume físico embarcado a redução somou 8,38%, ao passar de 33,76 milhões de toneladas para 30,93 milhões de toneladas.
Como destaca o consultor econômico da PR Consultoria, Carlos Vitor Timo Ribeiro, o decréscimo registrado no Estado não está diferente do resultado do país, cuja receita recuou 7% em 2014 ante 2013, e reflete, especialmente, o “ainda adverso cenário da economia internacional”. No ano passado, como frisa, “perdemos o apetite dos nossos maiores parceiros, basta avaliar o volume físico embarcado. Ainda lidamos com câmbio desfavorável e cotações agrícolas depreciadas. Tudo levou à perda da nossa precária competitividade. Essa inédita retração é fruto dessa conjuntura de fatores”. Timo Ribeiro reforça que o dólar só passou a estar mais valorizado que o real a partir do último trimestre de 2014, momento em que o ritmo dos embarques arrefece, em função do cumprimento da maior parte dos contratos de exportações e da chegada do inverno na Europa, e que por isso não surtiu efeito sobre o resultado das vendas.
Com exceção da soja em grão, que teve seu valor médio elevado na comparação anual, de US$ 1,87 o quilo médio em 2013 para US$ 1,97 em ano passado, o restante do complexo soja e o milho teve retração em preço e demanda. O complexo é o principal produto da pauta estadual, e é formado pela soja em grão, pelo óleo de soja e pelo farelo. O milho, que foi a vedete da pauta em 2013, perdeu a predileção do mercado internacional e fechou o ano com queda de -43,58% em faturamento, passou de US$ 3,62 bilhões para US$ 2,04 bilhões. Depois do recorde de movimentação, mais de 15,66 milhões de toneladas em 2013, contabilizou embarque de 10,94 milhões de toneladas em 2014.
Além da soja em grão, cuja participação no total faturado pelo Estado foi de 48,76% (ante 41% em 2013), contribuíram para que o resultado não fosse ainda pior as vendas externas de carne bovina e algodão, cuja valorização foi de 10,75% e 14,44%, respectivamente.
PARCEIROS – Pela ordem, os maiores parceiros comerciais de Mato Grosso em 2014 foram: China (US$ 4,98 bilhões), Países Baixos (US$ 1,39 bilhão), Indonésia (US$ 831,84 milhões), Irã (US$ 595,75 milhões) e Espanha (US$ 541,63 milhões).
O mercado chinês foi o responsável por 33,68% dos negócios realizados pelo Estado. Na comparação anual houve aumento da participação, já que em 2013 era de 31,67%. Porém, em cifras, a receita entre os dois parceiros ficou 0,52% menor. Os três últimos do ‘top 5’ da pauta mato-grossense ampliaram a relação comercial em 59,13%, 28,45% e 34,15%, respectivamente.