Publicado em 14/01/2015 14h20

Algodão: Indicador CEPEA/ESALQ teve queda de 27% em 2014

Os preços do algodão em pluma recuaram expressivamente no mercado doméstico em 2014, especialmente após fevereiro, mantendo-se abaixo do preço mínimo oficial desde meados de julho. Ao longo do ano, o Indicador CEPEA/ESALQ baixou 27%, fechando a R$ 1,66/lp em 30 de dezembro, movimento inverso ao observado em 2013, quando avançou 33,84%. Esse cenário foi consequência do aumento de 32% da produção brasileira de algodão na safra 2013/14, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), e também da queda na qualidade da pluma.
Por: Cepea/Esalq

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No início do ano, a baixa demanda interna e a disparidade entre o preço ofertado pelo comprador e o pedido pelo produtor limitaram as negociações. Apesar da retração de parte dos cotonicultores, comerciantes estiveram mais flexíveis quanto aos preços de venda, diante da necessidade de “fazer caixa”. Cotonicultores, por sua vez, mantinham as atenções voltadas ao manejo da lavoura.
 
Do lado comprador, indústrias alegavam dificuldade no repasse das altas da pluma para os produtos derivados. Paralelamente, as negociações para contratos de exportações ou “flex” (com opção de mercado interno) seguiam bem, tanto para entregas em 2014 quanto em 2015.
 
Os primeiros lotes da safra 2013/14 chegaram ao mercado doméstico, após o beneficiamento, na última semana de junho, mas foram destinados, especialmente, ao atendimento de contratos. Fiações e têxteis, por sua vez, continuavam se queixando da demanda fraca por derivados em função da concorrência com o produto importado e fios como o poliéster. 
 
Ao longo de julho, os preços internacionais tiveram sucessivas quedas, e tradings estiveram ativas no mercado brasileiro. Já em agosto, os preços internos da pluma ficaram praticamente estáveis, sustentados pela demanda doméstica. Cotonicultores retraíram-se, atentos à finalização da colheita, ao beneficiamento e ao cumprimento de contratos firmados anteriormente. A baixa qualidade da pluma disponível começa a influenciar os negócios.
 
Nesse contexto, comerciantes seguiam ativos no mercado, em busca de lotes para cumprir as entregas programadas. Indústrias, com necessidades de compra para entrega imediata, adquiriam pequenos volumes, na expectativa de novas quedas de preços. Também cresceu o interesse por negociação antecipada para recebimento do produto em 2015, inclusive da pluma 2014/15.
 
Em boa parte de setembro, agentes permaneceram retraídos à espera do leilão de Pepro (Prêmio Equalizados Pago ao Produtor). Do lado vendedor, com os preços da pluma abaixo do mínimo oficial (de R$ 1,6602/lp) desde julho, produtores tinham a expectativa de que os valores se estabilizassem ou até se elevassem. Porém, mesmo com o leilão, as cotações seguiram enfraquecidas. Já tradings, atentas à valorização do dólar frente ao Real, retomaram as negociações de algodão, especialmente, no mercado externo.
 
Ao longo de 2014, a Conab realizou três leilões de Pepro para o algodão. No agregado, foram arrematados prêmios para aproximadamente 905 mil toneladas, das 952,6 mil ofertadas - 52,21% da safra 2013/14 estimada pela Conab (1,7 milhão de toneladas).
 
No último trimestre do ano, o preço pouco oscilou, e o Indicador CEPEA/ESALQ para pagamento 8 dias permaneceu por volta de R$ 1,65/lp. Apesar do interesse de compra das indústrias, as constantes queixas quanto à baixa qualidade dos lotes disponíveis dificultaram as negociações.

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