Produtores do Triângulo Mineiro estão com o plantio da safra atrasado em 20 dias. Além de prejudicar a produtividade das lavouras, a seca também interfere no planejamento das propriedades, comprometendo a safrinha, uma importante fonte de renda dos produtores.
Máquinas paradas, adubos ensacados e solo seco. Esse é o cenário das propriedades de Juba. A região não recebe chuvas há mais de 90 dias e a seca preocupa os produtores.
O produtor Luiz Carlos Rodrigues esperava plantar 500 hectares de soja no início do mês, mas a falta da água adiou os planos do agricultor.
- O meu plantio de cana se dá em fevereiro, março e abril porque eu também tenho uma janela curta, pois, logo na segunda quinzena de abril começa a safra de cana e nós temos que entregar cana para a usina. Então quanto mais eu atrasar o plantio de grãos nessas áreas que tira a cana e põem grãos pior vai ficar lá na frente. Não está fácil a seca, não é brincadeira. O produtor precisa fazer muito bem o papel dentro da porteira – afirma Rodrigues.
A seca que já havia prejudicado o plantio da última safra reduziu em 25% a produção das lavouras. Para evitar novas perdas nesse ano, o produtor espera por um acumulado de no mínimo 80 milímetros.
- Com o déficit hídrico que nós estamos hoje, eu acredito que nós temos que esperar por uma chuva ou um acumulado de no mínimo 80 milímetros e para milho no mínimo uns 50 milímetror para a gente começar a fazer semeadura – diz o produtor.
Em outra fazenda, os pivôs de irrigação estão parados. O nível do rio que abastece as lavouras está bem abaixo da média. São mais de 300 hectares de terra preparados esperando pela chuva. O produtor teme que a seca também prejudique o plantio da safrinha, que geralmente ocorre em fevereiro.
- Nós vamos plantar mais tarde e vai acontecer que nós não vamos conseguir trabalhar dentro da janela do plantio de safrinha. Vai ter que plantar atrasado e a produtividade vai cair e com os preços baixos a gente fica bem desanimado – comenta o produtor José Edvaldo.
Na soja houve uma perda de 20% na produção. A média de 50 sacas por hectare colhidas em anos anteriores foi para 35 sacas por hectares. Já nos canaviais é esperado uma redução de até 15%. Com as incertezas na produção, volume de chuvas e preços no mercado, o produtor deve reduzir os gastos e evitar grandes financiamentos.
Para reduzir os custos, Edvaldo aposta na diminuição das aplicações de inseticidas e variedades de soja precoces, com ciclo de produção de até 105 dias.
- Nós trabalhávamos com soja de 125 dias, tardia e semi-tardia e agora nós voltamos com soja de 100 dias, no máximo 105 dias. Normalmente fazíamos duas aplicações de veneno para ferrugem, agora nós vamos tentar reduzir um pouco o custo fazendo uma aplicação no começo. E o clima muito quente e muito seco eu acredito que a ferrugem vai dar uma trégua e vai ajudar a amenizar um pouco o custo – afirma o produtor.