A fazenda Monte Azul, que iniciou a colheita na semana passada, é um caso isolado, segundo o presidente do Sindicato Rural do município, Júlio César Bortolini. “Todos os outros produtores da região suspenderam o plantio na época da estiagem. Essa foi a única fazenda que plantou mesmo assim, correndo o risco de dar errado e deu”, comenta o sindicalista sobre a propriedade que não quis para o plantio para não atrasar o cultivo da próxima cultura, o algodão.
De acordo com o presidente da entidade, os demais produtores da região, que tem 127 mil hectares de soja plantada, devem começar a colheita no próximo fim de semana. “Grupos grandes que tem outras atividades podem arriscar, mas a maioria dos agricultores da região não tem esse perfil, então todos seguiram a recomendação de interromper o plantio no ano passado e esperar a chuva, mesmo que a colheita fosse atrasar”, explica Júlio César.
Boa parte dos produtores já fechou negócio dos grãos a serem colhidos ao preço médio de U$ 19, o que gira em torno de R$ 50 a saca de 60 quilos, de acordo com Júlio. “Alguns trocaram insumo por soja, outros venderam antecipado e quem não negociou põe no armazém. O preço é bom, mas depende de cada produtor, isso é complexo. Com esse preço, para quem não paga arrendamento é um alto negócio, já para quem arrenda não é”, detalha.
A Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), não divulgou ainda data oficial para a colheita da safra 2014/2015, mas tem conhecimento de poucas propriedades que já começaram a colher. A previsão da safra é de 6,3 milhões de toneladas, o que representaria crescimento de 9,2% em relação aos 5,7 milhões de toneladas da safra 2013/2014, conforme pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A princípio a estimativa da Aprosoja era de 6,6 milhões de toneladas, número que não deve ser alcançado em virtude da estiagem enfrentada pela cultura.