“A sojicultura mato-grossense fechou o ano de 2014 com números recordes em vários aspectos, no entanto, nem tudo foram flores para a oleaginosa”, destacam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
No ciclo 2013/14, a cultura cobriu 8,4 milhões de hectares (ha) e ofertou 26,3 milhões de tonelada, gerando um novo recorde à soja no Estado. “Além de produzir a maior safra de soja da história, a produção local foi beneficiada pela forte demanda externa que contribuiu para exportação de volumes recordes. Até aqui, tudo bem, mas junto com o aumento da safra vieram elevações no custo de produção, que atingiu os maiores patamares já registrados em Mato Grosso. Fora o encarecimento da produção e da grande safra interna, o mundo também produziu volumes jamais vistos, com as cotações externas atingiram patamares bastante reduzidos no ano. Ou seja, aumentou o custo para produção e a grande oferta barateou a saca”, aponta o Imea.
A pressão nos preços só não foi maior porque o dólar valorizado sobre o real conseguiu manter as cotações locais em patamares satisfatórios. “Só que o dólar que alavancou as cotações, elevou também os custos produtivos, onerando a rentabilidade da safra. Outro encargo que afetou diretamente a margem de lucro do produtor nesta temporada foram os preços do frete, que reduziram levemente em relação a 2013, mas ainda se mantiveram em níveis elevados. Em resumo, 2014 foi marcado por altos e baixos, com recordes produtivos e de exportação. Mas, as elevações de custos reduziram a margem de lucro, deixando a rentabilidade menos positiva para a safra”.
PERSPECTIVAS - Como alertam os analistas do Imea, a demanda mundial deve crescer em ritmo menor que a oferta, contribuindo para grandes estoques globais que já refletem sobre os preços da safra em colheita no Estado. As baixas cotações registradas nos contratos de 2015 na Bolsa de Chicago (CBOT) já impactam sobre as cotações futuras do grão em Mato Grosso. Em relação aos preços, por exemplo, a saca, conforme indicador Imea, estava cotada em US$ 12,74 o bushel em 2013 – padrão de medida norte-americano que equivale a pouco mais de 27 quilos – para US$ 11,18/bushel ano passado, redução de 12,22%.
BOM E RUIM - Os fatores que estão contribuindo para ganhos de competitividade no agronegócio brasileiro em 2015 são a alta do dólar, que beneficia o produtor brasileiro, e a utilização dos portos do Norte do país, como Barcarena, para o escoamento dessa nova safra. Apesar disso, a safra apresenta obstáculos, pois, com o maior custo de produção da história de Mato Grosso, os produtores e todo o setor deverão ter vários desafios para conseguir obter lucratividade com a oleaginosa, sendo necessário aproveitar as oportunidades que surgirem, especialmente a de vender bem – tirando proveito de janelas de mercado – bem como, comprar bem os insumos da safra 2015/16, cuja movimentação já está em curso por alguns produtores desde o final do ano passado.