Publicado em 14/10/2014 09h46

Calor intenso ameaça agravar problemas em áreas de café e cana do Brasil

As altas temperaturas e a falta de chuva esta semana deverão afetar áreas de café e cana-de-açúcar do Brasil, ameaçando reduzir mais do potencial produtivo das lavouras, disseram meteorologistas nesta segunda-feira.
Por: Reese Ewing

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Os contratos futuros do café arábica e do açúcar bruto negociados em Nova York registraram altas por três semanas consecutivas e estão subindo novamente nesta segunda-feira, com maiores temores relacionados às chuvas de primavera, que estão atrasadas no país que é o maior produtor das duas commodities.

A umidade consistente ao longo dos próximos seis meses vai definir o tamanho das colheitas previstas para começarem, em sua maioria, no segundo trimestre de 2015.

A produção de café e açúcar do Brasil em 2014 foi dizimada por uma seca severa no início do ano. As precipitações também têm sido menores do que o normal no período mais seco, de abril e outubro, com áreas importantes de cultivos recebendo metade da umidade normal ao longo dos meses.

"Em São Paulo e Minas Gerais o tempo segue muito quente e sem nenhuma previsão para chuvas tanto para essa segunda-feira quanto para toda a semana", disse o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar.

Segundo o instituto, as temperaturas vão ultrapassar 34 graus Celsius em toda a região de cana e café, e chuvas são improváveis.

"Lavouras de café, cana de açúcar, laranja e demais culturas serão fortemente prejudicadas, havendo fortes quebras no potencial produtivo dessas lavouras", acrescentou.

A Somar e outros meteorologistas esperam que as precipitações mais fortes e generalizadas retornem somente depois de 23 de outubro, quando uma massa de ar seco sobre o Sudeste do Brasil será rompida. Isso permitirá que as frentes frias tragam umidade em uma região fundamental para a cana, café e laranja.

Um modelo de previsão estendida utilizado pelo serviço de meteorologia agrícola dos Estados Unidos Commodity Weather Group (CWG) mostrou chuvas de normais a acima da média de retornando à região cafeeira do Brasil em 11 a 15 dias.

Em um boletim nesta segunda-feira, o CWG disse que o retorno de águas tropicais mais quentes no Oceano Pacífico, na costa do Peru, ainda pode gerar um El Niño com padrões climáticos suaves, que tendem a promover chuvas no cinturão do café do Brasil.

"Estamos oscilando em torno do limite, por isso, se as condições levarem eventualmente a um fraco El Niño, isso significa condições mais úmidas para as regiões cafeeiras do Brasil", disse o meteorologista da CWG David Streit.

Quanto mais cedo as chuvas ocorrerem, melhor será para a produtividade das culturas.

O Conselho Nacional do Café do Brasil (CNC) confirmou que algumas floradas ocorreram nas regiões produtoras em setembro e outubro. Porém mais umidade é necessária para as flores se desenvolverem em frutos no próximo ano.

Meteorologistas da MDA disseram nesta segunda-feira que a seca no cinturão do café fez com que algumas floradas abortassem.

Os pés de café normalmente entram em floração após o início das chuvas. A maior parte da região do café não tem flor ainda.

O presidente do CNC, Silas Brasileiro, disse anteriormente que a safra 2015 de café do Brasil poderia cair abaixo de 40 milhões de sacas de 60 kg. Se isso acontecer, ela será a menor safra do país desde 2009.

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