Pelo que se viu ontem com a divulgação do IPCA de setembro pelo IBGE isso não ocorreu, visto que (depois do feijão, do tomate, do chuchu e de outras “abobrinhas” pegas episodicamente como vítimas) o “laço de vilão da vez” recaiu sobre o boi. E não só isso, pois o frango foi oficialmente recomendado como substituto da carne bovina. Justifica-se?
Do ponto de vista do governo, que busca o controle da inflação, sem dúvida. E isso fica mais claro quando se analisa a evolução de preços dos dois produtos, carne bovina e de frango, no decorrer do tempo, ao nível do consumidor.
A propósito, dados do Procon-SP relativos aos últimos 21 meses (janeiro de 2013 a setembro de 2014), indicam que em setembro passado a carne bovina chegou ao consumidor paulistano por um valor 30% superior ao registrado um ano antes, em setembro de 2013. Já a carne de frango foi comercializada por valor 2% menor que o de doze meses atrás – o que, convenhamos, é rara e grata surpresa na sempre inflacionária economia brasileira.
Mas os resultados a favor do frango não param aí. Estão presentes também, por exemplo, na equivalência de preços com a carne bovina. Dessa forma, há um ano cresce quase continuamente o poder de compra da carne de frango em relação à carne bovina. Em setembro último registrou-se ligeira redução. Mesmo assim, o preço alcançado pela carne bovina permitiu adquirir no mês volume de carne de frango 33% superior ao de setembro de 2013.
Destaca-se, por fim, a estabilidade de preços apresentada pela carne de frango em comparação à carne bovina. É óbvio, neste caso, que o resultado obtido pelo frango está diretamente relacionado à evolução dos custos das matérias-primas, enquanto os aumentos do boi resultam apenas da correção de preços há longo tempo reprimidos. Mas para o consumidor, que tem seu salário corrigido apenas uma vez por ano e que vê seu poder aquisitivo ser corroído pela inflação, a estabilidade demonstrada pelo frango se torna extremamente importante.