Publicado em 06/01/2015 09h23

Preços do açúcar devem se recuperar no 2º semestre; perspectivas boas para soja, algodão e café

A consultoria INTL FCStone prevê que os preços internacionais do açúcar iniciarão movimento de recuperação neste ano na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). De acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira (05.01), pela consultoria, a perspectiva de um deficit de 2,8 milhões de toneladas tende a impulsionar as cotações da commodity, em especial no segundo semestre, para quando é esperado um aperto nos estoques globais por conta de produção menor no Brasil e na Tailândia.
Por: Folha Web

açucar

A tendência de valorização somente no final do ano também deve-se ao enfraquecimento do petróleo e ao fortalecimento do dólar ante as moedas emergentes. Para a FCStone, a divisa pode bater nos R$ 2,80 ainda no primeiro semestre e ficará 2015 todo em patamares acima dos de 2014. Isso porque, além da economia nacional patinando, há sinais de desaceleração também na China e de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, poderá elevar a taxa de juros de seus títulos.

A FCStone acrescenta que, nos últimos meses de 2015, também estarão claras quais as medidas de apoio ao etanol tomadas pelo governo brasileiro. A consultoria avalia que o ano não será novamente dos melhores para o setor sucroenergético. Com a economia enfraquecida, o crescimento da demanda pelo biocombustível é afetado. Externamente, os EUA deverão mais uma vez importar pouco etanol, já que a produção local é ampla.

Para a FCStone, de positivo apenas a possibilidade de volta da cobrança da Cide sobre a gasolina, do quase certo aumento da mistura de anidro no combustível fóssil (de 25% para 27% ou 27,5%) e da já definida redução do ICMS sobre o hidratado em Minas Gerais, de 19% para 14%.

Além do setor sucroenergético, a FCStone também fez perspectivas para outros segmentos, como café, algodão e soja.

Café

Os preços do grão devem continuar remunerando bem os produtores, já que a produção em 2015/16, estimada em 50 milhões de sacas, deverá ficar bem justa ante a demanda de consumo interno e de exportação, projetada em 53 milhões de sacas. "Os cenários de produção ficarão mais claros no primeiro trimestre, mas a trajetória não deverá ser tranquila - a volatilidade persiste e qualquer problema climático pode levar os preços a novos patamares", informa o relatório.

Algodão

Produção maior nos EUA e recuo das compras pela China pressionaram os preços da pluma em 2014. De acordo com a FCStone, o gigante asiático continuará sendo o fiel da balança em 2015: se voltar a comprar com força, poderá reduzir os estoques norte-americanos e a impulsionar as cotações na Bolsa de Nova York.

Soja

Para a consultoria, o ano começa indefinido para a commodity, pois a safra da América do Sul está sujeita a problemas climáticos, enquanto a dos Estados Unidos ainda não está completamente estimada. Por ora, contudo, as perspectivas são positivas para a produção nesses locais, mas, "mesmo que ocorra qualquer reversão dessas expectativas, dificilmente os preços voltarão aos níveis observados nos últimos anos", pois "a oferta estadunidense será capaz de atender toda a demanda adicional prevista para 2015 e ainda restará uma quantidade adequada para os estoques de passagem."

Quanto aos derivados da soja, a FCStone diz que o farelo deverá seguir a oleaginosa e a ter preços mais baixos em 2015. Para o óleo, por sua vez, deve pesar a crescente produção do concorrente óleo de palma, também utilizado para programas de biocombustíveis. "Diante disso, acreditamos na manutenção dos preços em patamares mais baixos, assim como ocorrerá com a soja e o farelo."

Milho

A FCStone diz que o crescimento da demanda pelo cereal brasileiro será tímido. "Com isso, o potencial de expansão do cereal, que é muito grande com a possibilidade de dois cultivos por ano, pode acabar sendo freado", destaca a consultoria. "Uma alternativa seria encontrar novas opções de consumo, como o investimento na produção de etanol a partir do milho", complementa.

Trigo

A consultoria prevê que 2015 poderá ser de recuperação dos prejuízos de 2014, a começar pela perspectiva de preços mais remuneradores na entressafra, que deve ter oferta menor em virtude das perdas provocadas pelo clima adverso do ano passado. Fora isso, as tensões geopolíticas na Região do Mar Negro ainda persistem e têm potencial para sustentar os preços da commodity na Bolsa de Chicago.

Fertilizantes

A China extingue neste ano a janela de baixas tarifas de exportação de fosfatos e nitrogenados, substituindo-as por uma única taxa ao longo de todo o ano. "A política dará preços mais competitivos aos seus produtos, tetos mais baixos ao mercado internacional, além de facilitar a logística e o planejamento comercial dos agentes do país", diz a FCStone.

Para a consultoria, outros fatores a serem monitorados em 2015 são: demanda por nitrogênio nos EUA, a importância do ratio soja/milho para o consumo de fosfatados e as consequências da concentração do mercado na comercialização de cloreto de potássio.
 

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