Conforme Dornelles, o evento será o momento de externar aos governantes a preocupação com os custos que prejudicam o setor. Afirma que serão apresentados estudos que mostram a realidade que os orizicultores enfrentam com a perda de rentabilidade devido a este fator. "Temos um cenário de bons preços, mas que inspira cautela devido aos altos custos de produção. Neste momento de abertura da colheita queremos externar nossa preocupação com este item que parece não inspirar nenhum tipo de cuidado das instâncias maiores. Traremos algumas considerações e apresentaremos uma pesquisa sobre custos de produção", revela.
Dornelles salienta que somente na energia elétrica, que pode representar quase 10% dos custos de produção, o reajuste chegou a 30%. Lembra também que diesel e mão-de-obra subiram, entretanto em escalada menor, mas não menos importante. "A sorte é que a evolução do dólar veio posterior à compra dos insumos como fertilizantes e químicos. Peças de reposição e lubrificantes, algo que nem a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) contabiliza na projeção de custos, possuem uma correção anual e hoje já é uma preocupação, mesmo para empresários de grande porte com maquinário atualizado. Assim, a formação da próxima lavoura vai ser um ponto extremamente crítico para o próximo período. Para agravar a situação, assuntos considerados superados retornam à pauta das entidades e lideranças. A subvenção do seguro agrícola oficial está sob risco, podendo agravar ainda mais uma situação que já é delicada", ressalta.
O presidente da Federarroz, que estará em Brasília nesta semana para divulgar a Abertura Oficial da Colheita do Arroz, explica que este ano o evento, que normalmente acontecia no final de fevereiro, foi antecipado a pedido dos produtores. Com isso, o dirigente acredita que a participação será maior que nas edições anteriores. Além de palestras técnicas e de mercado, a tradicional vitrine tecnológica será um dos pontos altos da abertura da colheita. "Teremos vitrines tecnológicas não só do arroz mas também de outras culturas para apresentarmos estas novas ferramentas disponíveis ao produtor. Percebemos um crescimento do uso de novas tecnologias em áreas como fertilizantes, máquinas agrícolas e sistemas de irrigação que não o tradicional utilizado nas lavouras de arroz", observa Dornelles.
A estimativa para este ano é que a colheita do arroz chegue a 8,29 milhões de toneladas, conforme as últimas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o que representa 2,2% a mais do que a safra anterior. A área total cultivada no Rio Grande do Sul é de 1,11 milhão de hectares de acordo com o Instituto Riograndense do Arroz (Irga). Atualmente os gaúchos produzem 65% do total do arroz cultivado em todo o país.