Publicado em 06/01/2017 17h26

A chave para a despoluição da água e do ar pode estar na cana-de-açúcar

Que a cana-de-açúcar é fonte de energia renovável, menos poluente e que está sempre na mira de quem pensa em maneiras de substituir os combustíveis fósseis todo mundo sabe.
Por: Agrolink

Mas o que um grupo de pesquisadores acaba de descobrir sobre ela pode colocar a planta em um patamar ainda mais elevado de protagonismo no combate à poluição. Trata-se de uma técnica que pode revolucionar a fabricação de filtros no Brasil e no mundo.

Em estudo realizado pelo Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), ligado ao Centro Nacional de Pesquisas em Energias e Materiais (CNPEM), cientistas conseguiram produzir carvão ativo a partir do bagaço da cana-de-açúcar. O carvão ativo é o principal ingrediente utilizado na fabricação de filtros – entre eles de água e de ar. O produto tem a mesma eficiência do tradicional e é até 20% mais barato do que o carvão disponível hoje no Brasil, em geral importado de outros países.

De acordo com o CNPEM, o objetivo da pesquisa é utilizar resíduos agroindustriais abundantes no país para aplicações ambientais. “O resíduo da indústria sucroalcooleira abre caminho para o desenvolvimento de um material avançado com propriedades antibacterianas quando associado a nanopartículas de prata, sendo um excelente material na remediação ambiental”, disse em nota o pesquisador Diego Martinez, do LNNano.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estima que a produção brasileira de cana na safra 2015-2016 ultrapassou as 666 mil toneladas. Deste total, aproximadamente um terço vira bagaço, obtido após o processo de moagem da cana nas usinas. E a pesquisa teve início justamente a partir de uma demanda feita por uma usina nacional, que utiliza o bagaço de cana para geração de energia elétrica. O resíduo gerado na queima, rico em carbono, passou a ser utilizado para a fabricação do carvão ativo.

Os carvões ativos no Brasil

Aqui no Brasil, assim como em outros países, os carvões ativos são empregados em grandes volumes para a remoção das impurezas da água. Em um município brasileiro com 1 milhão de habitantes, por exemplo, a estimativa é que seja utilizada 1 tonelada de carvão ativo por dia para o tratamento de água.

“O grande problema é que existe uma dependência do Brasil do mercado exterior para a obtenção desse produto. Se pensarmos na questão cambial, nosso sistema comercial fica muito fragilizado. O carvão produzido aqui pode ser até 20% mais barato que o importado”, falou Mathias Strauss, do LNNano, em nota. No exterior, o carvão ativo é proveniente de madeira, ossos de animais ou casca de coco.

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