O DNA da batata foi modificado para que, quando ela for frita, seja produzida uma quantidade menor da substância química acrilamida, que se suspeita ser cancerígena.
Os tubérculos transgênicos foram desenvolvidos pela J. R. Simplot Company, de Boise, Idaho, que foi a fornecedora inicial de batatas congeladas do McDonald's na década de 1960 e ainda é fonte importante de abastecimento da empresa. Eles fazem parte de uma nova onda de alimentos transgênicos que visam trazer benefícios aos consumidores, não apenas aos produtores, como é o caso de alguns transgênicos de cultivo amplo, como variedades de soja e milho que toleram herbicidas.
A Simplot espera que sua batata transgênica seja aceita como sendo benéfica para o consumidor
A Simplot espera que sua batata transgênica seja aceita como sendo benéfica para o consumidor
Resta saber se as batatas transgênicas serão adotadas por restaurantes e empresas de alimentos. Pelo menos um grupo que se opõe aos transgênicos já pressionou o McDonald's a recusá-las.
No passado, outras batatas transgênicas foram rejeitadas. No final da década de 1990 a Monsanto começou a vender batatas geneticamente modificadas para resistirem ao besouro-da-batata. Mas o mercado desabou depois que grandes compradores de batatas, temendo a resistência dos consumidores, orientaram os produtores a não cultivar a variedade. Desta vez a situação pode ser diferente, porém, porque a batata transgênica promete potenciais benefícios à saúde dos consumidores.
A empresa pretende pedir a aprovação das batatas nos mercados principais, começando por Canadá, México, Japão e então outras partes da Ásia.
A Simplot espera que a maneira como a batata foi modificada também ajude a acalmar os receios dos consumidores. A empresa chama seu produto de batata Innate (inata), porque ela não contém genes de outras espécies, como bactérias, como é o caso de muitos alimentos transgênicos. Em lugar disso, contém fragmentos de DNA de batata que silenciam quatro dos genes da própria batata envolvidos na produção de determinadas enzimas.
É pouco provável que o argumento convença os grupos que se opõem aos transgênicos.
Doug Gurian-Sherman, patologista vegetal e cientista sênior do Centro de Segurança Alimentar, grupo ativista, disse que a técnica empregada para silenciar os genes, chamada interferência de RNA, ainda não é bem compreendida.
"Houve uma aprovação muito precoce de uma tecnologia que não está sendo adequadamente regulada", disse, acrescentando que seu grupo pode tentar fazer com que um tribunal revogue a aprovação. Ele afirmou que uma das substâncias suprimidas na batata transgênica parece ser importante para a utilização correta de nitrogênio pela planta.
Em sua avaliação, o Departamento de Agricultura dos EUA disse que os níveis de vários nutrientes na batata transgênica estão dentro da gama normal, exceto pelas substâncias visadas pela engenharia genética.
A Simplot submeteu a batata a uma revisão voluntária de segurança alimentar pela FDA (que regula alimentos e medicamentos nos EUA).
A empresa diz que quando a batata Innate é frita, o nível de acrilamida fica entre 50% e 75% mais baixo que em batatas comparáveis, não transgênicas. Não está claro quanto isso representa em termos de benefício.
Mesmo assim, Gregory Jaffe, diretor de projetos de biotecnologia junto ao Centro de Ciência no Interesse Público, grupo de defesa dos consumidores que lida com questões de nutrição, saudou a aprovação da batata.
Ele disse: "Somos a favor de uma tentativa de reduzir a exposição dos consumidores à acrilamida. Se o produto ajuda nesse sentido, acho isso um benefício".