As instituições do governo do Estado de São Paulo buscam fortalecer a cafeicultura paulista com transferência de tecnologia, conhecimento e gestão para os agricultores investirem na qualidade da bebida que é uma “paixão nacional”. Falar da cafeicultura é falar de um tema que se confunde com a história do Estado de São Paulo. Pode-se afirmar que a cultura foi um dos pilares do desenvolvimento econômico de São Paulo, tanto que as laterais do brasão do Estado são adornadas por ramos de café frutificados, simbolizando a importância dessa atividade agrícola.
A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), vinculada à Secretaria de Agricultura de Abastecimento do Estado de São Paulo, com suas ações da extensão rural e execução de projetos e programas, tem, há décadas, apoiado os produtores rurais na transformação do café de São Paulo em sinônimo de qualidade, renda e emprego.
A cafeicultura ocupa um lugar de destaque no Estado de São Paulo, seja pela produção, pela ocupação de mão de obra, ou pela geração de renda nos municípios onde está instalada. Diante desse fato e da importância que a cafeicultura tem para a economia agrícola paulista, a CATI investe continuamente em ações de fortalecimento do segmento.
A extensão rural sempre teve um papel muito importante no apoio aos cafeicultores, principalmente nas pequenas propriedades, e na consolidação de suas organizações, atuando de forma estreita com a pesquisa [que em São Paulo remonta ao tempo do Império, com a criação do Instituto Agronômico (IAC-Apta), em Campinas, por Dom Pedro II].
“Em consonância com as demandas dos produtores, nosso Grupo Técnico (GT) de Café e extensionistas das Casas da Agricultura das regiões produtoras atuam de forma abrangente com ações, projetos, programas e execução de políticas públicas e crédito rural para apoiar a expansão da atividade de forma sustentável, para que o estado tenha uma cadeia produtiva do café cada vez mais forte”, explica Ricardo Domingos Luiz Pereira, coordenador da CATI, destacando entre as ações, a realização do concurso estadual como um instrumento de fortalecimento da cadeia produtiva do café.
A Apta Regional, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, também vinculada à Secretaria de Agricultura, tem apresentado resultados de pesquisa sobre métodos de enxertia na produção de mudas de cafeeiros, utilizando cultivares de Coffea arábica enxertados sobre Coffea canéfora.
A pesquisadora Adriana Martins, da unidade da Apta Regional de Marília, tem realizado avaliações e apresentado resultados de pesquisas a campo das cultivares enxertadas, com oito safras de produtividade, peneiras e análises sensoriais dos grãos pela metodologia SCAA - Specialty Coffee Association of America. O projeto está instalado na Fazenda Recreio, em Vera Cruz, interior de São Paulo, desde 2014, e recebe financiamento do produtor e parcialmente da Embrapa Café.
Os resultados, segundo Adriana, “representam a quebra de paradigmas e ajudam os produtores e técnicos na tomada de decisão pela utilização dessa conhecida tecnologia [enxertia], mas que é pouco utilizada por eles”.
“É uma tecnologia que foi difundida há um tempo e está sendo aperfeiçoada. Temos realizado a transferência do conhecimento e a difusão da técnica, alcançando um número maior de produtores, para que utilizem estas mudas para controle de nematoide na produção de café, na região de Marília”, enfatiza Adriana.
O importante para o manejo da cultura, principalmente no caso de nematoides, é oferecer alternativa viável para o controle dessa praga, com uniformidade de stand, produção e aumento da vida útil do cafezal. “A junção desses fatores contribui significativamente para a rentabilidade do investimento e melhorias em toda cadeia produtiva do café.”
O projeto da Apta Regional na Fazenda Recreio em Vera Cruz, na região Centro Oeste de São Paulo, avalia o comportamento de diferentes variedades, analisando a adaptabilidade dos materiais genéticos, características agronômicas e produtividade de cultivares de porte baixo, em dois sistemas de cultivo - irrigado e não irrigado, enxertado e não enxertado. São 23 cultivares avaliados nas condições de clima, solo e manejo da região de Vera Cruz em Garça. A partir deste trabalho, está sendo possível elaborar uma lista de recomendações aos produtores regionais.
Segundo o produtor e proprietário da fazenda, Antonio Perez, o local para desenvolver o trabalho se tornou um campo experimental bastante expressivo, com irrigação e disponibilidade de recursos para o tratamento e condução, fundamental no auxílio à condução dos experimentos.
Desde 2014, em todas as safras, a equipe de pesquisadores fazem o acompanhamento e levantamento de uma série de dados bastante importantes para toda a região.
Todos os anos é feito um dia de campo no local, onde o produtor pode ver com bastante clareza as variedades mais produtivas, mais adaptadas e mais resistentes. Muitos produtores, por meio deste trabalho, vêm tomando suas decisões de plantio mais assertivamente. São dez anos da instalação do campo e continuam a ver sempre novos resultados.
A cafeicultura regional tem ganhado muito com este trabalho, pois no estado me parece que é o único que está em constante processo de avaliação. A região de Garça é muito conhecida pela qualidade do café. Em 2022, a Região conquistou o Arranjo Produtivo Local do café - APL pelo Governo do Estado e teve o reconhecimento da Indicação Geográfica de Procedência – IG pelo INPI.
Em sua 23ª edição, em que os vencedores das cinco categorias definidas serão conhecidos no final de novembro, o Concurso Estadual “Qualidade do Café de São Paulo”, organizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio de seus órgãos e parceiros da iniciativa privada, com o objetivo de valorizar os cafés produzidos com excelência pelos agricultores paulistas − consolidou e promoveu a identidade do café de São Paulo.
Na edição do ano passado, entre todos os presentes − autoridades, produtores, profissionais do segmento rural e convidados −, o sentimento foi unânime: o café, que é uma paixão nacional, ganha novos contornos com este concurso, que é um incentivo à produção com qualidade em solo paulista.
“Este concurso é um balizador da qualidade do café produzido em São Paulo. Para garantir a transparência e seriedade em todas as etapas, contamos com um trabalho coordenado entre a CATI e os diversos órgãos da Secretaria, da pesquisa, da Câmara Setorial do Café, bem como com especialistas renomados e idôneos na apreciação e classificação das amostras enviadas por produtores de todo o estado”, explica Alexandre Manzoni Grassi, diretor do Departamento de Extensão Rural da CATI.
O concurso de 2024 está em fase de recebimento de amostras. “No passado, recebemos 380 amostras. Nesta edição, a expectativa é receber amostras de produtores que já participaram de outros certames e também daqueles que participarão pela primeira vez”.
Para mais informações sobre o Concurso, acesse https://www.cati.sp.gov.br/portal/produtos-e-servicos/servicos/concurso-estadual-%E2%80%9Cqualidade-do-cafe-de-sao-paulo%E2%80%9D-