O sorgo é uma planta selvagem adaptada às condições áridas e semiáridas, originária do deserto de Saara, na África. Com o tempo, as comunidades humanas começaram a domesticar a cultura, selecionando variedades com características desejáveis, como maior produtividade, resistência a doenças e adaptação a diferentes ambientes.
Com a expansão das rotas comerciais e as migrações humanas, o sorgo foi levado para outras partes do mundo. Os árabes foram responsáveis por sua introdução no Oriente Médio, enquanto os portugueses e espanhóis o levaram para a Europa. Durante os séculos 16 e 17, o sorgo chegou às Américas, trazido pelos colonizadores europeus.
No Brasil, o sorgo foi introduzido no início do século 20, inicialmente para produção de forragem para alimentação animal. A cultura do sorgo ganhou destaque nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste, onde suas características de resistência à seca e adaptação a solos pobres foram valorizadas.
Para que serve o sorgo?
O sorgo pode ser usado como planta forrageira (na alimentação de bovinos), granífero, (utilizada para produção de grãos), sacarino (produção de biomassa), para a fabricação de vassouras e biomassa para produzir energia.
O sorgo pode ser usado para a produção de alimentos para as pessoas, mas a finalidade ainda é desconhecida no Brasil. (Fonte: Valéria Queiroz/Embrapa/Divulgação)
“O foco principal hoje, no Brasil, é fabricação de ração animal de ruminantes, caprinos e ovinos, e como forragem”, explica Marco Adriano Chalis Barbosa, coordenador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Produção Vegetal e Plantas Daninhas (PRO-HORT) da Esalq/USP.
No Brasil não é comum o uso de sorgo na alimentação humana, mas ele vem ganhando popularidade na indústria de snacks e alimentos processados. “O grão pode ser consumido também de forma natural, um hábito presente em países da África e Ásia”, completa Barbosa.
O sorgo tem propriedades muito similares em metabolismo, fisiologia e manejo em comparação ao milho. No entanto, o grão rústico apresenta maior tolerância à estiagem, maior resistência às intempéries climáticas e menos complexidade no manejo de pragas e doenças.
Por isso, o sorgo apresenta um custo-benefício melhor em relação ao milho. “Os custos de produção e necessidade de defensivos agrícolas são relativamente menores em comparação aos outros cereais”, considera Sophia Bez Ribeiro, coordenadora do PRO-HORT.
A desvalorização no valor comercial da saca e problemas no manejo da cultura tornou a produção onerosa. No entanto, o sorgo teve um ligeiro aumento no valor comercial nos últimos anos e a saca do grão apresenta, atualmente, um preço de aproximadamente 85% em relação ao milho.
Antes da implementação da cultura do sorgo, o agricultor precisa definir o objetivo final da lavoura. Cada variedade tem características específicas que a tornam mais adequada ao objetivo do cultivo, como produção de grãos, forragem, biomassa e vassouras.
O sorgo prefere solos bem drenados e férteis, com uma quantidade significativa de nitrogênio e potássio. O plantio direto é a técnica mais comum para semeadura. Embora seja resistente à falta de água, a necessidade de irrigação é maior nos estágios iniciais do crescimento e durante a formação das espigas. O momento da colheita também depende da finalidade do cultivo.
Entre os principais desafios enfrentados pelo agricultor, está o controle de pragas e doenças. “O produtor precisa estar atento a pragas como pulgões, principalmente em áreas próximas com a cultura da cana-de-açúcar”, ressalta Ribeiro.