Publicado em 13/02/2015 10h31

Falta de bovinos fecha abate de frigorífico no Paraná

O frigorífico Big Boi, do norte do Paraná, interrompeu o abate de bovinos devido à baixa oferta de animais disponíveis na região e por condições ruins de mercado, disse à Reuters um executivo da empresa.
Por: Reuters

falta

Cerca de 150 do total de 500 funcionários da unidade, localizada em Paiçandu, município ao lado de Maringá, foram demitidos na semana passada, com rescisões sendo assinadas ao longo desta semana, informou o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação da região (Stiam).

O setor de desossa permanecerá funcionando e o frigorífico deverá continuar fornecendo carne para a região de Maringá a partir de carcaças compradas de outras regiões do país.

A decisão da empresa é um exemplo da situação difícil enfrentada por algumas companhia do setor de carne bovina em todo o país.

A seca que afeta pastagens em diversas regiões desde o ano passado, além de gargalos na reprodução de animais, tem reduzido a oferta às indústrias, catapultando os preços do boi gordo a patamares recordes e apertando as margens dos frigoríficos, que não conseguem repassar aos consumidores toda a alta no custos de produção.

"É uma junção de fatores. Uma das razões é a falta de matéria-prima... É uma coisa que acaba inviabilizando algumas opções de negócio", disse o gerente da unidade, Alex Costa, por telefone.

Segundo ele, a capacidade instalada do frigorífico é de abater 650 a 700 bovinos por dia. Nos últimos tempos, a unidade vinha operando em apenas dois ou três dias na semana, dependendo da disponibilidade de animais, disse o executivo.

"É o único frigorífico de boi ativo nessa região... A produção de boi nessa região é muito pequena", disse o tesoureiro do Stiam, Roberto Pino de Jesus.

Há cerca de três anos, a gigante JBS fechou um frigorífico em Maringá, demitindo centenas de funcionários.

Na quarta-feira o indicador Esalq/BM&FBovespa do boi gordo, referência para o mercado nacional, fechou em 143,15 reais a arroba, não muito distante da máxima histórica de 145,48 reais registrada no fim de novembro.

"De modo geral, frigoríficos seguem pressionando as cotações da arroba, mas a oferta de animais para abate ainda restrita continua limitando as baixas", disse o Cepea, centro de pesquisa da Universidade de São Paulo, em uma análise do mercado atual.

Especialistas também chamam a atenção para o baixo crescimento econômico do país e para uma renda da população comprometida com uma série de pagamentos, como impostos no início do ano, o que limita o consumo.

Publicidade