De forma inédita no Brasil, o programa “Plante Árvore” atrelada à segurança hídrica conta com a participação da iniciativa privada. A japonesa Rakuten, especializada em e-commerce, é uma das parceiras do IBF para plantios em matas ciliares. Como empresa financiadora, as empresas parceiras entram com aporte financeiro enquanto o Instituto fica responsável por toda atividade pré, durante e pós plantio. Além desta parceria com entidades privadas, faz-se necessário parcerias institucionais junto à órgãos competentes, no que se refere principalmente quanto a indicação de áreas.
O Plante Árvore irá beneficiar pequenos proprietários rurais que em breve deverão ser inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Ministério da Agricultura. O CAR é um registro eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais e tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente (APP), das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades rurais do país, conforme previsto no Código Florestal. O proprietário deverá se enquadrar as determinações de uso dessas áreas e, em muitos casos, deverá recuperar as áreas degradadas em suas terras.
Pelo programa, as empresas investem na criação das florestas e plantio das mudas e matas ciliares, exonerando o pequeno proprietário rural desses custos no futuro, quando o CAR exigir que cumpram as determinações do Código Florestal. “O Plante Árvore é a oportunidade para o proprietário rural regularizar a situação de sua terra. O IBF entra com a manutenção, a tecnologia de plantio e o acompanhamento durante o período, as empresas entram com o capital para a compra das mudas”, destaca Solano.
Para o reflorestamento das áreas, o diretor-presidente do IBF diz que vem sendo feito contatos com os pequenos proprietários de terra que são orientados sobre a importância do programa. “Muitas vezes ele (o pequeno proprietário) não tem recursos para recuperar as florestas ou as matas ciliares dos córregos que passam por suas propriedades. Através do programa e com a participação da iniciativa privada, isso pode ser feito”, salienta Solano.
No início de janeiro, gestores da japonesa Rakuten estiveram na área rural de Jundiaí para o plantio simbólico de mudas e o lançamento do “Plante Árvore” em uma área de 5 mil hectares. Dessy Murold, do departamento global da área de sustentabilidade e Daichi Komagome, do grupo diretivo da empresa, acompanharam o diretor-presidente do IBF, Solano Martins, e técnicos do Departamento de Águas e Esgotos (DAE) da prefeitura local em uma visita para conhecer a área que receberá a “Floresta Rakuten”.
O DAE é responsável pela indicação das propriedades que podem receber o plantio das árvores. A escolha da sub-bacia do Córrego da Roseira, afluente da bacia do rio Jundiaí Mirim, foi feita pelos técnicos do departamento. Segundo o levantamento do DAE, o reflorestamento e a plantação de matas ciliares vai auxiliar na preservação dos recursos hídricos que abastecem a cidade e região. “As matas ciliares fazem a limpeza da água dos córregos e afluentes e devolvem ao rio um produto mais limpo, diminuindo, inclusive, os custos de tratamento”, afirma Martin de França, técnico do DAE.
A participação da iniciativa privada é uma forma das empresas realizarem ações socioambientais, comuns em países desenvolvidos. A francesa ALD Automotive, especializada na gestão de frotas de veículos para grandes empresas, possui mais de 20 mil veículos alugados no Brasil e para compensar a emissão de CO² decidiu participar do plantio de 20 mil mudas de árvores, equivalentes a 10 campos de futebol, em Apucarana, no Paraná. Segundo Raphaele Cheniere, líder de produtos sustentáveis da ALD, a parceria com o IBF e o Plante Árvore vai permitir a plantação de mudas em Presidente Prudente, no interior do estado de São Paulo.
O reflorestamento, a recuperação de áreas verdes e a plantação de matas ciliares são ações de longo prazo. Para ter uma ideia, após cinco anos, o plantio das mudas está concluído e a floresta consolidada. Após esse período, os resultados serão sentidos entre 15 e 20 anos, tanto para a questão do meio ambiente, com a melhoria do ar, da própria questão da vegetação e da fauna, mas em relação aos recursos hídricos que também serão preservados. “O plantio dessas mudas nos afluentes, córregos e rios da Serra da Cantareira hoje, poderá aumentar a disponibilidade de água potável e evitar uma crise hídrica no futuro, como ocorre hoje na Capital paulista”, completa o diretor-presidente do IBF, Solano Martins.