Os resultados dos Ensaios de Cultivares em Rede (ECR) de trigo da safra 2014/2014 foram apresentados em Passo Fundo (RS) no dia 10 de fevereiro de 2015. O evento aconteceu no Refúgio Centro de Eventos e reuniu um público de aproximadamente 70 pessoas, entre produtores de sementes, obtentores, agricultores, imprensa e autoridades.
Na última safra de inverno, o ECR foi instalado em 19 locais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A crescente demanda por pesquisa de cultivares de trigo no centro-oeste brasileiro impulsionou a ampliação dos experimentos, que nesta última safra foram realizados pela primeira vez na cidade de Dourados (MS).
Os experimentos foram conduzidos de maneira uniforme em todos os locais selecionados, oferecendo ao produtor rural e à assistência técnica informações idôneas das principais cultivares indicadas e comercializadas em cada região. São apresentados dados como rendimento em kg/ha e em sacos/ha, além de pH e percentual de rendimento de cada cultivar sobre a média da região.
Em toda a rede experimental, foram avaliados 61 materiais, de 8 empresas obtentoras. Destes, 9 materiais são lançamentos. No total, foram conduzidas aproximadamente 3.000 parcelas.
Apenas no Rio Grande do Sul, onde a pesquisa conta com o apoio do Sistema Farsul, foram testadas 40 cultivares de trigo de 6 diferentes obtentores em 1.542 parcelas posicionadas em 7 locais. No estado, os experimentos foram conduzidos em duas épocas de semeadura. A exceção foi o ensaio do município de São Gabriel. “O excesso de chuva não permitiu a semeadura da 2º época no local, já que os ensaios são implantados respeitando a data limite determinada pelo Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, informa Kassiana Kehl, coordenadora da unidade de cultivos de inverno da Fundação Pró-Sementes.
A pesquisadora mostrou a amplitude entre os resultados obtidos pelas cultivares mais e menos produtivas em um experimento. Em Santo Augusto (RS), por exemplo, entre os materiais de ciclo precoce, esta diferença chega a 1.548 kg/ha. Já entre as cultivares de ciclo médio e tardio, a amplitude é ainda maior: 2.021 kg/ha. Esta diferença o agricultor sente no bolso. Considerando o preço médio de R$ 26,00 a saca de 60 kg do cereal, o produtor que optar por uma cultivar mais produtiva na região de Santo Augusto pode lucrar aproximadamente R$ 670,00 a mais por hectare.
“Este é o objetivo do ECR: levar informações para que o agricultor escolha o melhor material para semear na sua lavoura”, conclui Kassiana Kehl. A pesquisadora orienta, ainda, que o produtor busque o histórico da cultivar em anos anteriores no site www.cultivares.com.br, a fim de avaliar a estabilidade do material ao longo das safras.
O evento foi encerrado com a palestra “Perspectivas para o mercado de trigo e as razões estruturais que impedem um melhor desempenho do setor”, proferida pelo Economista-Chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz. Ele destacou os custos da produção do cereal e também a relação entre a demanda de consumo e a produção gaúcha.