A Vinepower, uma pequena empresa australiana de contratação de mão de obra para colheita de uvas, ganhou seu lugar ao sol no grande palco mundial da fama por um motivo curioso e até um tanto estranho a seu negócio. É que na próxima colheita a firma, sediada na cidadezinha de Blenheim, vai mandar a campo seu batalhão de 250 trabalhadores rurais munidos não só de energia e cestos, mas também de iPads.
A cena pode soar inusitada, mas é um passo de gigante para a Vinepower. Com ela, a empresa muda radicalmente a maneira como as informações são coletadas durante o trabalho, substituindo demorados processos manuais por uma solução engenhosa de informática. No coração dessa solução está um aplicativo criado no ambiente de desenvolvimento FileMaker batizado Vinny. Ao largo das plantações, supervisores entram os detalhes coletados de cada trabalhador e canteiro de uvas em iPads, para mais tarde consolidá-los no Vinny.
Pode parecer pouco, mas não é. Jono Bushell, um dos diretores da empresa, diz que a inovação vem trazendo benefícios concretos até na maneira como a empresa fatura. “Passamos a ter melhor acompanhamento da produção e do desempenho dos trabalhadores”, conta ele. “Além disso, o sistema permite que a gente fature antes de fazer os pagamentos, o que revoluciona nosso fluxo de caixa.”
As dimensões do mercado de uva, em todo o mundo, são gigantes – mas o segmento é altamente dependente de processos manuais delicados, uma razão a mais para ter na tecnologia um parceiro interessante. Para se uma ideia, só na cidade de Caxias do Sul, na brasileira Serra Gaúcha, mais de 1,5 mil famílias se dedicam diretamente ao cultivo da uva. Os números impressionantes se repetem em todo o Rio Grande do Sul, principal produtor nacional do fruto, o que se explica pelo nível de exigência do cultivo.
Avanços tecnológicos como os da Vinepower são um exemplo típico das inovações que pequenas e médias empresas rurais, com faturamento entre US$ 2 milhões e US$ 50 milhões por ano, vem realizando para potencializar seus negócios. Segundo o Relatório de Mercado de Médio Porte 2014 da GE Capital, essas são as empresas que mais estão focadas em alavancar sua eficiência e usar inovações para crescer – bem mais do que as corporações e que as micro-empresas.
Para Mark Sheppard, CIO da GE Austrália/Nova Zelândia, a internet vem dando às médias empresas condições de tirar vantagens reais de avanços tecnológicos antes restritos às grandes corporações. “Empreendimentos de médio porte hoje podem usar a computação na nuvem para pagar só o que usam em lugar de gastar com infraestruturas caras. É uma vantagem e uma revolução para esse perfil de empresas.”
O avanço das tecnologias móveis, segundo Sheppard, vem fazendo toda a diferença para médios usuários dos serviços da GE. “Há dez anos só se podia interagir com a internet usando um computador. Agora é mais fácil fazê-lo via celular ou tablet. Isso muda radicalmente a forma como por exemplo o time de vendas de uma empresa trabalha usando a cada vez mais onipresente cobertura 3G ou 4G.”
Para ele, a questão não envolve apenas os ganhos das empresas, mas também há benefícios visíveis para os trabalhadores. Sheppard diz que tecnologias que podem ser “vestidas”, como os óculos inteligentes ou relógios interativos, estão a um triz de interpretar um grande papel no cenário empresarial, não só fornecendo informações de negócios como também da saúde e das condições de segurança de cada trabalhador.